quinta-feira, 11 de abril de 2013

Clemir Fernandes: em defesa do diálogo!

Ontem, encontrei-me, assim por acaso, com Clemir Fernandes, grande amigo e importante mestre no Caminho de Luta por Justiça (agora somos também colegas de pós na UERJ).

Ele comentava sobre seu texto na Novos Diálogos,  Opostos que se atraem: Marco Wyllys e Jean Feliciano, lido por milhares e recebido com críticas e elogios por uma centena de pessoas, sem falar nos compartilhamentos.

Eu mesmo quando li o texto, embora discordasse de alguns pontos, encontrei nele interessantes provocações que iam ao encontro de incômodos que também tinha tido na ocasião por ele narrada. Como conheço o Pastor Clemir e sei que a luta dele é por defesa de direitos de todos e todas, que é uma luta por justiça para aqueles/as que têm e tiveram seus direitos negados historicamente, já sabia que aquele texto não se pretendia uma reflexão exaustiva, conclusiva, canônica.

Ontem na conversa com ele, tentei expressar (e é difícil expressar o pensamento com palavras!) o quanto que há problemas na nossa "caminhada política" porque na verdade, as pessoas não sabem ou não tem um jeito de conversar, de se entender, de ler, de interpretar que lide com calma e com paciência diante de certos desafios (éticos, epistemológicos, estéticos, históricos, políticos, etc.).

O "pós-escrito" que o Clemir escreveu (e que está entre os comentários de seu próprio texto) é muito interessante no que diz respeito aos modos de pensar e reproduzo-o aqui abaixo: (reparem que essa questão dos modos de pensar não me interessa por acaso, não é atoa que estou no campo da Filosofia...risos)



1/4/2013 16:58:07Clemir FernandesUm pós-escrito de OPOSTOS QUE DE ATRAEM (Porque o diálogo é necessário!) Caras pessoas, quero aqui agradecer as manifestações ao meu texto recente: Opostos que se atraem. Jamais imaginei que seria lido por tanta gente e que ele receberia tantos comentários. Diante de tantas e diferentes posições (dificilmente seria de outra maneira acerca de um assunto que tem mobilizado paixões e por isso causado fissuras), quero dizer que produzi uma reflexão curta, sem a menor intenção de reduzir um assunto tão complexo, inclusive os atores sociais que o ilustram, aos limites ali dados. Na impossibilidade de responder a todos, faço aqui um pós-escrito geral. Obviamente, não é um texto acadêmico, nem sociológico nem teológico stricto sensu. Posso ter cometidos vários e crassos erros na aparente simplificação mas não faço equivalência plena dos deputados. Procuro mostrar como aquilo que um movimento ou personagem rejeita duramente no outro está, as vezes, arraigado no seu próprio comportamento. E faço isso com base em declarações públicas de ambos os envolvidos. Reconheço que o tema, os personagens destacados e todo esse debate é maior e exige mais aprofundamento e melhores análises. Reconheço também que o deputado aliado a defesa dos direitos humanos tem tido um mandato mais qualificado neste sentido em comparação a seu oponente. Mas procuro identificar semelhanças que podem ser maquiavelicamente legítimas do ponto de vista da politica. Demasiadamente humanos, somos todos! O texto recebeu elogios e curtidas de amigos e pessoas diversas, homossexuais e heterossexuais: tanto evangélicos como sem-religião; umbandistas e católicos; evangélicos conservadores e fundamentalistas, bem como progressistas e ecumênicos; outros cristãos com esses e outros matizes; pessoas de outras confissões religiosas ou sem qualquer religião. Também recebeu críticas, leves e duras, de pessoas dos grupos e tendências anteriormente citados, além de outros. Quero dizer que o que escrevi é apenas mais uma reflexão, entre muitas, sobre esse tema. Não é um texto canônico! Sou parte de um grupo religioso cuja tradição distintiva histórica se baseia na defesa da liberdade individual, na liberdade de consciência e na democracia. Antes de escrever o textículo – como me referi ao mesmo no encaminhamento que fiz ao editor da revista Novos Diálogos – já havia manifestado publicamente, bem antes, minha posição e militância contra a permanência de Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos. E contra sua postura antievangélica nos assuntos em pauta. Como também já manifestei minha defesa ao direito de liberdade individual dos homossexuais e contra a homofobia. Tenho dialogado acerca desse tema e por isso conquistado iras e censura, além de manifestações mais fraternas. De todos os lados possíveis. Não quero massacrar ninguém com esse debate, nem buscar uma confortável posição “murista”, nem ainda adotar um extremo maniqueísta. Minha curta trajetória dá provas de lutas por justiça, além da insustentável leveza do meu jeito de ser. Minha posição é chamar para o diálogo, não para uma conciliação simplória; convidar para um encontro, não para uma síntese que não percebe as contradições. Sem demonizar quem quer que seja, proponho conversar e perceber as percepções em disputa, por mais estapafúrdias que possam parecer. Que pecado tem nisso?! Acolho as críticas de todos/as, mesmo discordando às vezes, claro. Reitero meu objetivo de diálogo, não da retórica extremada de negação do direito ao outro. Sempre em prol de justiça e bem-estar para todos, a partir daqueles que mais sofrem injustiças e discriminação. Tem sido essa minha luta permanente, às vezes removendo pedras para plantar flores, como diz a Cora Coralina. Abraço, em Jesus que morre por todos nós e ressuscita por todos nós, restaurando a esperança de caminharmos em prol de um mundo que não discrimina ninguém mas inclui e acolhe a todos/as. Clemir Fernandes

Um comentário:

Clemir Fernandes disse...

Oi Pedro, encontrar voce, com sua sede de justiça e conspirações pela vida, é sempreum privilégio. Muito bom o papo na Uerj. Valeu por compartilhar meus escritos aqui sobre esse tema que está deixando a gente sem tempo para quase mais nada. rs. A luta por um outro Brasil, por um um outro mundo, a partir de uma outra igreja, marcados pela ética e graça de Cristo, continuam... Abraço.