quinta-feira, 18 de abril de 2013

O sinal de Nínive, Feliciano e nossa responsabilidade


Dentre as muitas reflexões sobre a "questão Feliciano" e sobre o envolvimento do FALE nisso tudo, aqui está um texto que me tocou diretamente. Ana Elizabete é uma irmã de fé e caminhada muito especial: pude conhecê-la em junho de 2012, quando da realização da Cúpula dos Povos/Rio+20 e nos mantemos sintonizados indiretamente (e também em agendas e demandas da rede) desde então. Percebo na sua reflexão devocional sobre uma situação tão séria (que envolve tantos e tão diversos atores sociais) um "elemento piedoso" sem o qual não posso e nem o FALE pode ir adiante. Leiam vocês mesmos!


O sinal de Nínive, Feliciano e nossa responsabilidade


Por Ana Elizabete Machado*


Como afluíssem as multidões, passou Jesus a dizer: Esta é geração perversa! Pede sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. Porque assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, o Filho do Homem o será para esta geração.[...]Ninivitas se levantarão, no Juízo, com esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior que Jonas. (Lucas 11. 29, 30 e 32)

Da esquerda para a direita, Damaris Bacon, Ana Elizabete,
Jéssica Ribeiro e Marcel Cintra.
Semana passada pude refletir bastante sobre este texto do Evangelho de Lucas. Sem pretensão de mudar o texto bíblico, mas o que gostaria de enfatizar é “o sinal de Nínive”. Na tradução da Bíblia Judaica Completa o versículo 32 diz: “As pessoas de Ninveh se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; pois elas abandonaram o pecado e voltaram para Deus quando Yonah pregou, e agora está aqui quem é maior que Yonah”. São palavras do Cristo, o Jesus de Nazaré, que diz que a pregação de Jonas alcançou os ninivitas e eles abandonaram o pecado e voltaram para Deus.
Nesta mesma semana também fui à Câmara Federal, junto aos representantes da Rede FALE entregar a petição ao Partido Social Cristão (PSC), que pedia ao partido que repensasse o nome de Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), da Câmara dos Deputados. Foi um tempo bom, em que pude aprender bastante (como sou nova nestes espaços de luta política, observei muito). Ao entregarmos a carta com as mais de 19 mil assinaturas e expor nosso ponto de vista, pedimos ao presidente do partido que nos apresentasse quais eram as qualificações que o PSC via em Marco Feliciano para indicá-lo à presidência da CDHM, já que a escolha do nome foi um processo democrático e interno do partido, como explicado pelo presidente. Nossa pergunta não foi respondida a não ser com os dados de quantidade de eleitores e afirmação de excelente conduta do deputado pastor Marco Feliciano. Num dado momento, a insistência em nossa pergunta (não-respondida) foi tomada como ofensa. Como se sabe, saímos sem resposta e sem o nosso pedido atendido.
Há algo que me faz pensar em associar o sinal de Nínive conosco e a situação que estamos vivendo enquanto evangélicos neste país.
Talvez o sinal que queiramos não vá acontecer, talvez Feliciano continue na CDHM, repito, talvez. E pensar em Nínive e em Jesus me traz esperança porque o sinal de Nínive nos convoca a ouvir a pregação de Jonas e Jesus: “abandonem seus pecados e voltem para Deus!” Acredito que esta mensagem não é só para Marco Feliciano (é também!), mas é para nós (enquanto Rede Fale, indivíduos, membros do Corpo, sinal do Reino e/ou cidadãos brasileiros), que continuamos lutando pelos direitos humanos em todos os nossos variados espaços (inclusive na CDHM, a qual fomos convidados a acompanhar de perto pelo deputado Roberto de Lucena, do PV-SP que participou da reunião, e é um dos membros da Comissão), que esta luta faz parte do nosso abandono do pecado e da volta para Deus. Na compreensão de que esta volta é um processo que deve durar a vida inteira.
A nossa responsabilidade é responder ao sinal de Jonas sendo sinal de Nínive. Através da nossa devoção (voltar para Deus) e da nossa prática (abandonar o pecado) e esta prática que é também continuar lutando para que os oprimidos (órfãos e viúvas contemporâneos) tenham seus direitos garantidos, esta luta vai continuar com o nosso acompanhamento à CDHM e nos nossos espaços de convivência.
“ADONAI prova os corações” (Pv. 17.3b) e clamamos que nossos corações sejam aprovados na luta pela justiça e para que os que “não têm voz” sejam ouvidos. Clamamos que sejamos humanos, como Cristo foi. Clamamos que não demonizemos a nenhum ser humano, de fato, nenhum. Clamamos que sejamos sinal do Reino servindo aqueles que mais precisam. Clamamos por nós, brasileiros, e nossos representantes políticos. Clamamos para não esquecer nossa responsabilidade. Clamamos para não achar que Deus ainda precisa fazer mais um sinal. Clamamos para que o sinal de salvação de Nínive nos alcance e alcance toda a nação.

*Ana Elizabete é cristã, representante da Rede FALE no Conjuve e inicia a articulação da rede em Goiânia. Também participa da ABUB e é professora da rede estadual de educação em Goiás.

FONTE: http://redefale.blogspot.com.br/2013/04/o-sinal-de-ninive-feliciano-e-nossa.html

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