sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Demorô formá o bonde do rastafári!

Letra profética, direto do túnel do tempo!

Se liga nesse trecho aqui:


"Será que não percebe / Será que não está vendo / A realidade / Do que está acontecendo / Se ainda não acredita amigo / Eu não insisto mais / O exemplo está aí / E só ver lá nos jornais / As fotos são bem claras / Nas primeiras páginas / Infelizmente jovens / Estirados pelas balas / Por isso aproveite / Essa hora de lazer / Pra continuar o baile / Só depende de você / Por quê?"



#jovensdemaispramorrer

Se liga na Campanha da Rede Fale-RJ:
www.facebook.com/jovensdemaispramorrer 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Evangelho das vadias: cadê o Amarildo?

por Nancy Cardoso Pereira

Eu sou daquela religião que espera pelo corpo com o corpo: ressuscitado! A espera se move pela paixão por tudo que é humano... tanta e toda capaz de enfrentar a morte: a cruz.
Aborreço os senhores - horrorizai-vos – que querem travestir a fé de Jesus numa expressão obediente de louvores estéreis: não louvo pra que a “som livre” toque – deslouvado seja! Nem me deixo convencer pelo balbucio do senso comum da bondade: eu quero mais! Bem aventuradas as desobedientes porque elas quebram os espelhos de quem manipula deuses, ofertas & santidade.
Minha religião é aquela entre outras de Jesus que goza com o corpo vivo, morre com o corpo solidário de paixão e ressuscita na espera ativa das mulheres que não admitem que a morte diga a última palavra: nem não!
Não esperamos que nos deixem subir no altar, galgar posições e traficar influência como padres, pastores, profetas, ministros, bispos, arcebispos, cardeais, vigários & teólogos a granel. Esperamos a ressurreição do corpo com a menina dos olhos ardida de desejo, gás de pimenta e sono.
Nossa tradição religiosa vem das mulheres que ressuscitaram Jesus com sua espera audaciosa e persistente: “onde colocaram o corpo de quem eu amo?” - elas perguntavam com o zelo de quem cultiva um orgasmo, arrisca um jardim, desenha um doce, faz o salário chegar no fim do mês, apoia a amiga que vai abortar, organiza uma greve, alimenta a fome com a vontade de comer e lava as roupas ciente de que o que suja o mundo é o medo, a desigualdade e a opressão.
Onde colocaram o corpo de quem eu amo? - diz Madalena. 

Porque levaram embora o corpo do meu Senhor, 
e não sei onde O colocaram. (Evangelho de João 20.13)

Repetiam o gesto antigo de amante e mãe, companheira e irmã que insiste em saber:
 me digam onde colocaram o corpo e eu cuidarei dele... (Evangelho de João 20.15) 


Reivindicam o corpo porque denunciam as muitas mortes e já não aceitam um deus que exige sacrifício, que justifica a injustiça ou atenua o desespero. Elas perguntam pelo corpo do homem morto e se atrevem com perfumes, os seios a mostra e panos, bandeiras e cartazes que desnudam toda pretensão das virtuosas.
Herdamos o gesto des-esperado de Rispa que teve dois filhos mortos pela disputa pelo poder nos tempos do rei Davi... que uma história assim não se esquece! Aquele-no-governo disputava o poder na ponta da espada, na lógica do medo e traição e entregou para mercenários os 2 filhos de Rispa e outros 5 filhos de outra mulher. Os sete enforcados em praça pública, expostos como ação de polícia pacificadora... mas ninguém se atrevia a baixar os corpos, a assumir a morte, a dizer o que aconteceu.
E a mulher antes de todas nós foi lá e fez:
Então Rispa, filha de Aiá, tomou um pano de cilício, e estendeu-lho sobre uma penha, desde o princípio da sega até que a água do céu caiu sobre eles; e não deixou as aves do céu pousar sobre eles de dia, nem os animais do campo de noite. (2 Samuel 21.10) 


E ela perguntava pelos corpos dos filhos, pelos filhos da outra: sem cansar, sem desistir: onde está o responsável? quem tinha o poder de deixar que tirassem a vida do corpo desses meninos: que assuma! Que venha a público! Que se assuma a responsabilidade! E assim ela fez dias e dias, semanas e meses... até que o grande poderoso, violento e dissimulado rei Davi assumisse o crime: não foi ele... mas foi a política dele! Criminoso!
e depois disto deus fez paz com a terra...(2 Samuel 21.14) 


Minha religião é essa, essa minha tradição, as apóstolas da justiça, as herdeiras da coragem que move a esperança. Nós também queremos saber: Onde está o Amarildo da Rocinha? O que fizeram com ele? Quem fez? Quem vai assumir a responsabilidade? E nesse domingo com todas as mães de maio - guerreiras de todas as periferias - e todos os outros dias necessários repetiremos o gesto amoroso de perguntar pelo corpo d@s filh@s do povo e todas as igrejas e comunidades que se comprometem com o evangelho de Jesus vão entoar o único cântico que deus acolhe: aonde está o teu irmão? aonde está tua irmã? (Gênesis 4)

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Nancy Cardoso PereiraPastora metodista, graduada em Teologia e Filosofia, mestra e doutora em Ciências da Religião, com pós-doutorado em História Antiga. É membro do conselho editorial da Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana (RIBLA) e agente da Comissão Pastoral da Terra. Vive atualmente na Costa Rica, onde é reitora da Universidade Bíblica Latinoamericana. É mãe de Clarissa e Daniel.




NOTA DE REPÚDIO DE RACISMO E ABUSO DE AUTORIDADE

Nota da Rede Fale que ajudei a redigir...

A Rede FALE vem a público repudiar o abuso de autoridade policial e racismo ocorrido no dia 11 de agosto em Maceió/AL, contra Franqueline Terto dos Santos e Benedito Jorge Silva Filho.

Condenamos não apenas esta situação específica de racismo e abuso de poder, mas recusamos a maneira pela qual o Estado trata a população, discriminando por cor/raça/etnia, tratando de forma diferenciada as negras e os negros de nosso país.

Relegar o racismo a um plano pessoal é ver os casos de abuso de poder da polícia como casos isolados. Na verdade, o que temos hoje é uma série de instituições que participam de um Estado policial e racista, que vigia e pune as pessoas, e que separa aqueles que considera dignos daqueles que julga indignos de uma cidadania de fato e não apenas de direito.

O escritor cubano Carlos Moore afirma, em seu livro Racismo e Sociedade, que “existe uma tendência crescente para trivializar o racismo, seja relegando-o à esfera puramente das relações interpessoais, seja reduzindo-o ao plano dos meros preconceitos que ‘todo o mundo tem’.” Essa tendência tão presente no Brasil acaba por invisibilizar o racismo e seus efeitos devastadores sobre as negras e os negros, inviabilizando as possibilidades de combatê-lo eficazmente.

Essa cidadania seletiva do Estado brasileiro que nega direitos aos negros e negras, dentre outros grupos “minoritários” , se fez presente de forma concreta com a prisão arbitrária de Franqueline Terto dos Santos, integrante da Rede Fale em Alagoas.

Como uma rede cristã, nós, da Rede FALE, evocamos também o testemunho da Bíblia Sagrada, onde está escrito: "Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com favoritismo" (Livro de Tiago, capítulo 2, versiculo 1).

Que a sociedade e o Estado brasileiros não façam diferença entre as pessoas, mas que defendam os direitos de todas e todos, com atenção especial para o modo como alguns grupos vêm sendo historicamente tratados, e que se estende aos dias de hoje. Que a sociedade e o Estado corrijam suas práticas racistas, violentas e discriminatórias.  

Oramos por um arrependimento racial, social e institucional, porque racismo, discriminação e abuso de poder também são pecados!


16 de agosto de 2013.

sábado, 24 de agosto de 2013

Conversa sobre RACISMO



A Rede FALE -RJ promove mais um encontro/conversa, dessa vez o tema é: RACISMO.

Eis os componentes da mesa:

-Ana Gomes - professora e orientadora pedagógica na SME/RJ, cineasta e coordenadora do Fórum Permanente de Mulheres Negras Cristãs;

-Hélio Santos - professor e conselheiro no Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro (COMDEDINE/RJ);

-Rogério Gomes - Advogado, Secretário Geral da Comissão de Igualdade Racial da OAB/RJ e Assessor da SUPIR-SEASDH;

-Wagner Agnello - Engenheiro e estudante de Teologia na Universidade Metodista de São Paulo;

-Mediador - Ronilso Pacheco - estudante de teologia na Pontífica Universidade Católica e articulador social no Viva Rio e integrante da Rede Fale.

Participe e chame suas amigas e amigos!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Sobre a violência contra os negros

"A violência que alcança os jovens negros e pobres nas periferias brasileiras 

não se encerra no homicídio. É um caminho de rastro doloroso, q passa pela

humilhação, a supressão de direitos, o abuso, o assédio e quiçá o estupro 

das jovens mais belas, o abuso de poder, o distanciamento dos canais de 

direito e reivindicação e outros... A violência física mata e marca. A violência 

simbólica oprime. As energias gastas para enfrentar uma, não pode nos 

distrair para a exigência do enfrentamento da outra." (Ronilso Pacheco)