segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Oração e ação

Esta reflexão foi realizada em 2009/2 num dos encontros de pequeno grupo da ABU-UERJ. Neste dia, excepcionalmente, não utilizamos a Bíblia. O costume é sempre fazer uma reflexão que toma o próprio texto bíblico como fio condutor. Desta vez usamos outro material, veja:

Os materiais do estudo foram tirados do livro “O que é missão integral?”, de René Padilla, pp. 65-67.

A situação do país era ruim. Imperava o desemprego e Rodolfo não conseguia nenhum trabalho. Apropriando-se da mensagem dominical sobre a oração, certa manhã, ajoelhado, clamou a Deus e disse: “Senhor, amanhã buscarei um emprego. Peço-te que me dês um com o qual possa sustentar minha família”.
Levantou-se. Vestiu-se de forma apropriada e tomando seu currículo saiu com toda a fé até a fábrica onde se apresentaria. Ao chegar à porta, cruzou com um homem cabisbaixo que saía do local. Este homem mal notou que alguém passava ao lado, mas Rodolfo lhe pareceu conhecido.
Rodolfo entrou no lugar com a certeza de que Deus o tinha ouvido. Ao apresentar-se na recepção, perguntou se havia alguma vaga de trabalho. Pegaram seu currículo e lhe pediram que esperasse. Sentiu esperanças de que talvez o homem com o qual cruzara tivesse acabado de ser demitido.
Em poucos minutos, o chefe do pessoal se aproximou, o cumprimentou e lhe disse: “Senhor Rodolfo, acabamos de liberar uma vaga de trabalho. Você está contratado.”
Cheio de alegria, Rodolfo voltou para casa apressado para compartilhar a boa notícia.
No jantar em família à noite, Rodolfo fez um brinde dando graças a Deus por seu novo emprego. No entanto, algo a respeito do homem que viu sair o inquietava e ele não sabia bem por quê. Na oração pelos alimentos, sua filha menor deu graças pelo emprego do pai e também quis pedir pela família de sua colega de escola, porque seu pai, curiosamente na mesma fábrica, tinha acabado de ser despedido.(“A troca”, Juan José Barreda Toscazo)
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Oração e ação
“Muitos contrapõem oração e ação. Concebem a oração como uma maneira de se desligar dos problemas concretos (especialmente os políticos e sociais) para os quais não se vê uma solução fácil; um ato religioso que, para quem ora, funciona como uma fuga da realidade. Primeiramente, temos de admitir que a oração pode ser usada como uma fuga. A oração genuína, no entanto, é totalmente oposta: é uma maneira de encarar a realidade, de assumi-la tal como ela é para então submetê-la à ação transformadora de Deus.” (René Padilla)

1. Compartilhe suas impressões iniciais do texto “A troca”. O que mais chama atenção na história toda? O que é problemático?
2. Reflita sobre como você tem orado. Compartilhe algo de positivo sobre sua vida de oração.
3. O que é oração genuína segundo Padillha? Você concorda? Se sim, como vivenciá-la?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Como Zaqueu? (estudo bíblico)

Este estudo bíblico foi desenvolvido por mim segundo o método O.I.A. (Observar, Interpretar, Aplicar). Foi realizado nos grupos de ABU da UERJ, dos quais participo. Mais sobre o método você encontro no livro da Tonica (Antonia Van der Meer), intitulado O Estudo Bíblico Indutivo, publicado pela ABU Editora.


Como Zaqueu?

Texto-base: Lucas 19: 1-10 (acesse a Bíblia aqui)

Saga do Zaqueu
(Música: Roberto Diamanso. Letra: Ariovaldo Ramos)

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Ele desceu de tudo e de todos,
Abandonou, traiu seus irmãos
E brandeou pro inimigo.
Resolveu sobreviver e enriquecer-se

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Explorou o pobre, fez-se o maioral,
Chefe dos parias, o diabo de todos.
E um dia, contra todas as vozes,
Foi convidado para jantar.
Cristo o chamou,
E nunca mais foi o mesmo,
Reconheceu sua desumanidade,
Dividiu com os pobres, deu a metade
E aos que explorou pagou quatro vezes mais

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Bendito seja o Cristo filho de Deus,
Bendito seja o Cristo filho de Deus.

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Finalmente a luz brilhou,
Finalmente a Lei ganhou vida
E a vida ganhou razão.

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Bendito seja o Cristo filho de Deus,
Bendito seja o Cristo filho de Deus.

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Que implanta a justiça, restauração.
E ao que volta ao pó concede libertação.


1. De acordo com a letra de “Saga do Zaqueu” e do texto bíblico lido (vv. 2, 3 e 7b), quem era Zaqueu?
2. Tanto o texto como a música falam de uma mudança ocorrida em Zaqueu. Como essa mudança se deu? Que ações e que pessoas estão envolvidas nessa mudança em Zaqueu? Qual seria a ação mais fundamental e quem a teria realizado?
3. A missão que Jesus tem a realizar acontece com ou sem o acordo da multidão (versículo 7). De que forma preconceitos têm nos impedido de viver a Missão do mesmo modo que Jesus viveu?
4. A lei judaica só previa restituição ao quádruplo para um caso; a lei romana a impunha para todos os furtos manifestos. Zaqueu amplia para si mesmo essa obrigação a todos os prejuízos que tenha podido causar. Em Mateus 5: 20, Jesus diz que a justiça dos discípulos teria que exceder a justiça dos “mais justos” (os mestres da Lei). A letra de “Saga do Zaqueu” diz: “Finalmente a Lei ganhou vida”. Há várias formas de enxergamos a Lei (ou as leis) e suas diversas formas de aplicação, mas qual deve ser o seu objetivo principal?
5. De que modo percebemos que Zaqueu foi realmente transformado? Como vivemos hoje transformação semelhante à que Zaqueu sofreu?
6. Repare que Zaqueu reconheceu Jesus como Senhor. O que reconhecer Jesus como Senhor (como quem governa, conduz, guia) significa para nós hoje?

“... Jesus enfatiza o que há de mais profundo na vocação dos seus seguidores: ser gente. Esta é a vocação inerente à própria natureza de como os seres humanos foram criados. É como se Jesus estivesse de fato recompondo a composição humana original.”

(Carlos Queiroz, pastor e escritor)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ELE SE LEVANTOU, ELA SE ASSENTOU!

ELE SE LEVANTOU, ELA SE ASSENTOU!
Em memória de Zumbi de Palmares e Rosa Parks
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A exploração e a opressão do ser humano por seu semelhante é, infelizmente, recorrente na história da humanidade. Entretanto, há momentos em que as circunstâncias chegam a tal limite que fazem emergir personagens que desencadeiam processos arrojados de transformação. Dois exemplos ilustrativos dessa perspectiva são as trajetórias de Zumbi dos Palmares e de Rosa Parks.
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Ele, nascido no Brasil em 1655 tornou-se a maior liderança no Quilombo de Palmares (Serra da Barriga, entre Alagoas e Pernambuco), um espaço de liberdade, uma espécie de “Estado livre”, a “terra da promissão”, em pleno Brasil colonial. Resistindo por mais de 100 anos, Palmares teve na figura de Zumbi o seu maior representante, que o liderou especialmente a partir de 1680, até sua morte em 20 de novembro de 1695. Contando 40 anos, Zumbi foi assassinado pelo Estado brasileiro, que fez dezenas de investidas para destruir o quilombo-liberdade.
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Três séculos após o nascimento de Zumbi, uma mulher, negra como ele, voltava cansada, do trabalho para casa e resolveu se assentar em certa parte de um ônibus, cuja legislação não permitia tão elementar direito aos negros. Desobedeceu a Lei, foi presa, mas não se rendeu. Rosa Parks, nascida nos Estados Unidos, resolveu não mais aceitar a injustiça histórica perpetrada à “gente de cor” como ela e por isso assentou-se no ônibus, em local apenas permitido aos brancos. Com esse gesto – embora sem querer – desencadeou um processo que levaria à vitória dos direitos civis e a superação da segregação legal nos Estados Unidos. E repercussões em favor da justiça e dos direitos de todos os povos, especialmente dos mais desrespeitados, em todo mundo.
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Por seu sonho – e prática – em prol da dignidade humana Zumbi pagou o preço com a própria vida, seguida pela destruição final de Palmares. Por um momento isso ofuscou a semente de liberdade, mas tais memórias inspiraram – e ainda motivam – a continuar a luta.
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Rosa Parks morreu idosa (aos 92 anos, em 24/10/2005) e viu alguns dos frutos de sua caminhada ao lado dos negros americanos na luta por direitos civis. Sementes que nos alentam a continuar lutando. E como é preciso continuar essa luta, especialmente num país como o Brasil, (inclusive no contexto das igrejas), ainda marcado por sorrateiros e velados preconceitos!
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Zumbi se levantou e ajudou a construir uma história melhor para o seu povo na América do Sul. Rosa Parks se assentou e seu gesto deflagrou um corolário de evangélicas mudanças estruturais na América do Norte.
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Mais de 15 séculos antes desses dois heróis, Jesus, o filho de Deus, que não aceita qualquer tipo de discriminação, racismo, injustiça, exploração ou opressão, veio até nós e empenhou completamente sua existência para que todos os seres humanos, sem qualquer distinção, possam ter vida e vida abundante.
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O exemplo comprometedor de Cristo e as memórias de Rosa e Zumbi alentam as esperanças de todos quantos anseiam e militam pela justiça e nos desafiam a avançar na construção de um mundo permeado de mais paz, fraternidade, justiça, respeito e dignidade para todos os seres humanos.
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Clemir Fernandes

domingo, 8 de novembro de 2009

Mais um grito contra a violência e a injustiça! Natal - RN

Amados irmãos,
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Há muito tempo que estamos dizendo, em todos os encontros da ALEF em Felipe Camarão , que não conseguiremos jamais alterar o decreto divino: “O efeito da justiça será paz [traquilidade, saúde, bem-estar, realização pessoal e coletiva – tudo embutido na palavra SHALOM], e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre” (Isaías 32.17).
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Muitos de nós olhávamos assustados para todo o lado, ao ver insegurança e violência, mas nos esquecemos de que isso que víamos era fruto da injustiça. Não a injustiça particular, individualizada, privada que nossa religiosidade alienada criou, mas injustiça social, má distribuição de renda, exploração do ser humano por outro ser humano, e isso ofende aos céus desde o tempo de Noé, desde o tempo de Moisés, desde o tempo de Josué, desde o tempo de Jesus.
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Há muito tempo que nas reuniões da ALEF alertávamos à igreja em Felipe Camarão : o cerco está se fechando, não podemos pensar que vamos ficar protegidos dessa violência. Mas, muitas vezes como Jonas, insistimos em dormir no porão do navio enquanto o mar estava revolto e a tempestade caindo.
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Agora aconteceu! Para nossa dor, para que molhemos este chão de lágrimas, tombou um servo do Senhor. No dia 1º de novembro, dia em que ele completava 49 anos de idade, o Pastor Edmilson Melo derramou seu sangue nas dunas da zona oeste de Natal, para defender suas ovelhas da violência descabida, de dois jovens bandidos. Com seu corpo defendeu suas filhas, esposa, membros de sua igreja. Já desfalecido, ainda encontrou forças para mais um gesto de heroísmo, agora diante da filha agredia. Os bandidos, diante de um homem que se recusava a se entregar, foram capazes de um gesto final, baleando-o covardemente.
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Agora é hora de arrependimento: nós falhamos! Avisamos à igreja que estava sob a mira das armas de fogo, mas não avisamos o suficiente! Agora temos de chorar ao ver nossos irmãozinhos sofrendo, agora temos que engolir a seco essa dor para continuarmos nossa caminhada. Mas quanto ainda teremos que clamar por justiça, se nem a igreja escutar?
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Irmãos e irmãs, nós queremos nos solidarizar com a família do Pr. Edmilson, queremos erguer um muro protetor em torno dessa família para que não seja assediada nem pela imprensa, nem pelas horríveis recordações. Queremos nos solidarizar com a Igreja Pentecostal Unidos em Cristo: são nossos irmãos, e muito os amamos. Mas também queremos deixar a pergunta: quantos mais terão que derramar seu sangue para que se entenda que sem justiça não há paz, nem segurança?
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Nossa missiologia individualista não é somente limitada, está produzindo morte de pessoas cada vez mais próximas de nós. Chegou a hora da igreja em Felipe Camarão , e em Natal se levantar e dizer: BASTA! Todos os privilégios do Estado devem imediatamente ser direcionados aos mais pobres: é deles esse direito divino, foi deles que Deus ouviu o clamor, por isso mandou 70 igrejas evangélicas para cá. Porém, precisamos buscar a unidade e relevância na comunidade diante de Deus e dos homens, para que muitos Edmilsons não tenham que tombar. Aliás, a cada dia muitos estão tombando. Que essa morte cause vergonha de nossa desunião, que essa morte nos deixe envergonhado por nossa omissão, que essa morte cause em nós indignação contra a violência, a pobreza, a injustiça. Povo de Deus chegou sua hora em Felipe Camarão !
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A ALEF convida esta amada igreja e toda a sua líderança para participar do CULTO POR JUSTIÇA E PAZ, na próxima segunda-feira, dia 09/11, as 19h00, na Igreja Pentecostal Unidos por Cristo (igreja esta que até este ultimo domingo contou com o pastoreio cuidadoso do Pastor Edmilson Melo). É hora de unidade do corpo de Cristo em Felipe Camarão, é hora de nos solidarizarmos com a igreja e família tão vitimada por esta tragédia e levantar a nossa voz para que haja JUSTIÇA.
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CULTO POR JUSTIÇA E PAZ SEGUNDA-FEIRA, DIA 09/11 as 19:00h Local: Igreja Pentecostal Unidos por Cristo – Rua Indomar, S/N, Felipe Camarão.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

1º Seminário Índios em Contexto Urbano no Rio de Janeiro


O instituto Tamoio, CESAC e estudantes de Línguas Indígenas e deAntropologia da UFRJ/MN.Convidam a todos os indígenas, descendentes,simpatizantes e estudiosos da cultura Indígena.Para o 1º seminárioÍndios em contexto urbano, uma reflexão sobre os três anos de retomadado espaço antigo Museu do Índio.


Será realizado no dia 24/10/09 das 9:00 às 17:00

Informações: (21) 9504 7517 - 8212 8821 - 97833446

FONTE: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/10/456554.shtml?comment=on

domingo, 18 de outubro de 2009

Novo blog da RENAS-Jovem

Encontro de articulação da RENAS-Jovem 29 de Agosto de 2009


Novo blog da RENAS-JOVEM

http://renasjovem.wordpress.com/

A sigla RENAS significa Rede Evangélica Nacional de Ação Social.



"...a RENAS-Jovem é uma rede de relacionamento entre jovens cristãos que atuam na área social, com dois objetivos fundamentais:


- Articular jovens evangélicos que desenvolvem iniciativas pró-sociaispor meio de projetos, instituições, igrejas ou qualquer outra entidadesemelhante, facilitando a troca de experiência e a cooperação entreeles e seus trabalhos;


- Fomentar a participação desses jovens e das organizações evangélicasa que estão vinculados nas questões relacionadas a políticas públicasde juventude em nível local e nacional."

(FONTE: Blog da RENAS-Jovem)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Formação Rede FALE

Espaço (virtual) de FORMAÇÃO (capacitação) da Rede FALE:

acesse http://formacaoredefale.pbworks.com

Lá você encontra:
  • Conteúdo formativo sobre as questões e os temas envolvidos no trabalho da Rede FALE: missão, justiça, direitos humanos, saneamento ambiental, políticas públicas de juventude, mídia e comunicação comunitária, etc.

  • Recursos e links úteis para aprofundar sua formação e dos grupos locais nos temas destacados.

  • Indicação de oportunidades de formação a respeito dos aspectos teológicos, sociológicos e práticos relacionados à transformação social do Brasil.

sábado, 12 de setembro de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A IGREJA DE CRISTO PROMOVENDO A JUSTIÇA


Nos dias 27, 28 e 29 de Agosto, acontecerá na cidade do Rio de Janeiro o IV Encontro Nacional da RENAS (Rede Evangélica Nacional de Ação Social) com o tema A IGREJA DE CRISTO PROMOVENTO A JUSTIÇA e logo em seguida (ainda no dia 29/08) teremos o I Encontro Nacional da RENAS-JOVEM.


Mais informações sobre a RENAS e sobre o IV Encontro Nacional (IV E.N. RENAS) encontram-se em www.renas.org.br.


E para saber mais sobre a recém-criada articulação de juventudes na RENAS (a RENAS-JOVEM) e sobre o I Encontro Nacional da RENAS-JOVEM (I E.N. RENAS-jovem) acesse o blog: www.renasjovem.blogspot.com.


O TRABALHO EM REDE É O NOVO PARADIGMA DE ARTICULAÇÃO...

A RENAS-JOVEM está sendo construída a partir de uma articulação entre movimentos e igrejas locais no Rio de Janeiro. A idéia é, no Encontro Nacional em Agosto, com a programação voltada para as juventudes (espera-se a presença de juventudes de outras partes do Brasil), lançar o desafio de articular em rede as juventudes evangélicas que trabalham com ação social e política.


A idéia de criar uma rede evangélica de ação social de juventudes é incentivar os jovens a, desde cedo, trabalharem em rede, em cooperação, já que os objetivos a serem alcançados são os mesmos e giram em torno da promoção da justiça.


Também estou articulando esses encontros de Agosto (o IV E.N. da RENAS e o I E.N. da RENAS-JOVEM). Estamos organizando uma hospedagem solidária para jovens que venham de fora do Rio de Janeiro. Entre em contato e participe: pedrojustica@gmail.com.


sexta-feira, 5 de junho de 2009

Deixou-nos Hélcio da Silva Lessa

Faleceu na madrugada de hoje, 05/06/2009, em sua casa no Rio, o querido Pastor HÉLCIO DA SILVA LESSA.

Ele foi um dos membros do grupo Diretriz Evangélica, ativo batalhador das causas da justiça do Reino de Deus, ex-professor de Teologia e Sociologia, ex-missionário em Portugal e pastor emérito da Igreja Batista Itacuruçá, Rio de Janeiro.

Nos anos mais duros da ditadura militar ele chegou a sofrer espionagem e até perseguição, em função de seu compromisso com o evangelho integral de Cristo, quando isto era visto como comunismo...

Seu livro AÇÃO SOCIAL CRISTÃ, publicado na década de 1960, é uma referência histórica para pesquisadores e ativistas em compromisso social cristão. Ele está integralmente disponível na internet em: www.ftl.org.br

Nascido em 1926 e casado com Odesa Lessa, tinha dois filhos, Cristina e Dalton.

"andando por um mundo melhor"




quarta-feira, 27 de maio de 2009

Favela e Cultura!


Circular é preciso*


Uma reflexão sobre a relação entre cultura e os espaços populares, hoje, pode ser proposta a partir de uma questão central: qual é a cultura das favelas e periferias das metrópoles brasileiras? As respostas certamente seriam múltiplas, mas uma tentativa interessante pode ser pensá-la a partir de dois pontos: políticas públicas e identidade.

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A distribuição dos equipamentos e bens culturais nas metrópoles brasileiras é um exemplo cruel das desigualdades que permeiam o dia-a-dia dos cidadãos. Se por um lado a oferta de espetáculos e espaços é abundante em certas regiões das cidades, às favelas e periferias estão reservados recursos ínfimos e investimentos precários – quando existentes.

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[+ leia o texto na íntegra aqui]

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* Editorial do Observatórios de Favelas de 27/05/2009

domingo, 3 de maio de 2009

Música contra a transposição do Rio São Francisco

A música "Canastra do São Francisco" é de Roberto Diamanso.

Roberto Dimanso é cristão, músico e compositor, já possui alguns discos gravados e seu estilo característico é o regional, onde ele aborda temas como ecologia, amizade, amor e futuro, entre outros, num estilo musical que ele auto intitula Louva Deus. Sonoridade, beleza lírica e visão de mundo cristã estão presentes em suas músicas e poemas. Roberto é pai de 13 filhos, 10 dos quais adotivos. Com um senso de responsabilidade social típico do homem do nordeste, desenvolve com sua esposa um projeto social que atende crianças na periferia de Guarulhos.
(texto extraído de seu myspace: www.myspace.com/robertodiamansomenestrel)

Vejam o vídeo que serve como um manifesto contra a transposiçao do Rio São Francisco!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Tem que ser humilde

Conheci Lindomar 3L (www.lindomar3l.com.br) ano passado na S8-Rio (www.s8rio.com). O cara é um artista mesmo, rapper de Uberaba-MG, tematiza um monte de coisas do cotidiano e da vida em geral: fala de Deus, amizade, amor, sociedade, toca direto na questão da injustiça social. Vale a pena ouvir o som do cara e se ligar na letra.



TEM QUE SER HUMILDE: uma das músicas que compõem o seu álbum "Das ruas mineiras"

sábado, 18 de abril de 2009

Juventude Batista levantando a voz pela Justiça

CARTA DE RIO BONITO

Nós, jovens batistas do Estado do Rio de Janeiro, reunidos no Congresso Juventude Ativa, na cidade de Rio Bonito-RJ, no dias 09-12 de Abril de 2009, nos manifestamos sobre a realidade social do nosso país.
Entendemos que a situação de injustiça social, pobreza, fome, desigualdades (raça, gênero, econômica etc.) corrupção, ofendem o caráter de nosso Deus - Justo, Santo, Salvador e Libertador – conforme revelado em sua Palavra (A Bíblia).
Compreendemos que a vida e mensagem de nosso mestre e Senhor Jesus Cristo, que pregou e manifestou o Reino de Deus, foi revolucionária nos sentidos espiritual, moral e social. É em nome dEle e de Seu Reino que falamos.

A) REPUDIAMOS:

 A desigualdade social marcante no Brasil, porque fere os princípios do reino de Deus;
 A omissão da igreja de Cristo frente às necessidades sociais do país e a religiosidade vã
e estéril desenvolvida em quatro paredes, que leva ao não desenvolvimento de projetos que
visem mudar a realidade social ao redor da igreja local;
 Toda espécie de corrupção e falsidade nas relações sociais, sobretudo no campo político.
 As formas de exploração do ser humano como trabalho infantil e trabalho escravo.
Também as condições de trabalho e renda que não garantem ao cidadão o sustento
familiar, o direito ao lazer e às condições básicas de saúde;
 Todas as formas de preconceito e discriminação social, cultural, racial, econômica e de gênero.
 As diversas manifestações da violência praticadas em nossa sociedade: Física, sexual, psicológica, contra qualquer grupo populacional, sobretudo mulheres, crianças, adolescentes e idosos. Também a utilização de menores no tráfico de drogas;
 A destruição do nosso planeta e o mau uso dos nossos recursos naturais engendrados por forças produtivas estrangeiras e nacionais, que comprometem a vida da atual e das futuras gerações;
 A não efetividade dos direitos sociais garantidos na Constituição Federal Brasileira;
 O escândalo da presença da fome num país de grandes riquezas naturais (Terras produtivas e farta condições de produção e distribuição de alimentos);
 A banalização da vida e insensibilidade em relação à morte, principalmente as previsíveis e evitáveis;
 O individualismo que acaba por alienar as pessoas frente às necessidades alheias e coloca em segundo plano o interesse coletivo;
 O evangelho interpretado e pregado como oferta de prosperidade, que não reflete a Justiça do Reino de Deus, alienando pessoas;
 A desvalorização da instituição família.

B) NOS COMPROMETEMOS A:

 Orar constantemente pela situação social de nosso país, pelas autoridades civis assim como pela liderança eclesiástica;
 Contagiar cada vez mais jovens a exercer a justiça social, utilizando nossas organizações de juventudes (JUBAS) locais e regionais como mobilizadoras de ações sociais nas cidades;
 Estarmos atentos às questões sociais e não ficarmos em silêncio - “O que me incomoda não é o grito dos maus e sim o silêncio dos cristãos”. (Parafraseando M. Luther King Jr.)
 Doar nossas vidas em prol do bem-estar social, físico, emocional e espiritual de nossos semelhantes a exemplo de Jesus Cristo, nosso senhor e mestre, cuja vida entregou por todos os seres humanos;
 Preservar o meio ambiente de todas as formas possíveis;
 Buscar o bem comum ao invés de nossos próprios interesses em primeiro lugar; amando o próximo de forma prática. “Não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (I Jo 3.18)
 Incentivar nossas igrejas a se aproximarem de suas comunidades locais, prestando serviço através de diálogos com instituições de saúde, educação, defesa de direitos etc.
 A não sermos omissos, nem negligentes com o cumprimento de nossos direitos e deveres estabelecidos em lei;
 Sermos promotores da paz e da não violência onde estivermos;
 Identificar necessidades e demandas das comunidades em que vivemos e criar estratégias visando ao atendimento das mesmas;
 Buscar conscientizar pessoas, na igreja e comunidade local, sobre os problemas sociais através da realização de fóruns, debates e palestras sobre temáticas sociais;
 Sermos sempre éticos e verdadeiros nas nossas relações pessoais, familiares e profissionais;
 Lutar por manter esse compromisso que nasceu no congresso Juventude Ativa 2009.

SOMOS FILHOS DE DEUS! JOVENS QUE AMAM A JESUS E VAMOS LUTAR, ONDE ESTIVERMOS, POR PAZ, JUSTIÇA E VIDA.

“Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas JUSTIÇA, PAZ e ALEGRIA no Espírito Santo!” (Rm 14.17)

Essa carta foi elaborada conjuntamente pela liderança da JUBERJ e mais 80 líderes de Jovens que atuam em diversas igrejas Batistas do Estado do Rio de Janeiro.

Redação: Luís Henrique da Costa Leão, Pr.

terça-feira, 31 de março de 2009

Desenvolvimento Comunitário (III)

Marcel Camargo (CADI) – aula proferida em 20/03/2009

Marcel do CADI, em uma de suas aulas sempre bem humoradas.
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TIPOS DE AJUDA

[Referência a I Timóteo 5: 3-16 – aqui aparecem critérios específicos para ajudar alguém, dentro de um contexto também específico.]

1. Ajudando as pessoas a sobreviverem
- Definição: Assistência ou socorro emergencial
- Processo/Estratégia: Pré-avaliação, levantamento de recursos, suprimentos e distribuição.
- Resultado esperado: Suprimento das necessidades imediatas, sobrevivência.

2. Ajudando as pessoas a se tornarem melhores
- Definição: Reabilitação ou recuperação
- Processo/Estratégia: Treinamento de habilidades
- Resultado esperado: Retorno ao estágio inicial, reconstrução.

3. Ajudando as pessoas a agirem em seu próprio favor
- Definição: Desenvolvimento ou transformação
- Processo/Estratégia: Avaliação, discussão, detecção de necessidades, interação, facilitação envolvimento da comunidade
- Resultado esperado: Fortalecimento da comunidade, auto-gestão, auto-suficiência.

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> Podemos comparar o Evangelismo com a Assistência, e o Discipulado com o Desenvolvimento Comunitário.
> Nesta perspectiva, o desenvolvimento comunitário tem a ver com as intenções de Deus para a comunidade.
> O paradigma de curto prazo deve ser abandonado, se queremos transformações estruturais.

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PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

1. Visão integral do ser humano
- reconhecimento da realidade complexa do ser humano
- bio-psico-sócio-espiritual
- o esquema de Gênesis 1 [a existência do homem se dá em relação]
- a espiritualidade cristã responde ao homem todo
- a espiritualidade cristã incide sobre a vida da comunidade
- cuidado com a teologia da “isca” [é preciso rejeitar a visão que muitas vezes se tem nas igrejas de usar a prática da assistência/ação social para alcançar as pessoas para Jesus]
2. Visão equilibrada de intervenção
3. Identificação com a comunidade
[Filipenses 2: 5-8]
- Reconhecimento dos saberes locais: “Categorias nativas de classificação”
- Siga o exemplo de Cristo > Seja servo > Seja semelhante > Seja humano > Identifique-se
4. Ênfase nos relacionamentos
5. Participação da comunidade
6. Paternidade X Paternalismo
7. Trabalho preventivo
- Ações pontuais/emergenciais + Investimento em ações preventivas = Ampliação exponencial dos resultados de transformação comunitária.
8. Trabalho em equipe
[Gênesis 11: 1-6]
9. Começando com o que se tem
- O maior recurso da comunidade são as próprias pessoas.
- Toda comunidade, por mais precária que seja, tem muitas coisas boas que Deus já plantou ali.
- Tudo que começa grande, começa deformado.
10. Excelência
- é discreta, profunda, densa, radical.
- é focada no outro
- diferença fundamental entre excelência e perfeccionismo.

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IGREJA LOCAL COMO PARCEIRA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

- Igreja = mobilização
- Contextualização
- Cuidado pastoral
- Facilidade de fluir dos dons espirituais
- O púlpito como plataforma de transformação [o púlpito não é inimigo, o púlpito também é instrumento para a transformação]

Perigos:
Ø O projeto como um departamento da igreja
Ø Confusão na gestão
Ø Especificidades ministeriais diferentes (mas não concorrentes)
Ø Sodalidades (missões, ONGs, etc.) e modalidades (igreja local)

[Lucas 10: 25 - A justiça de Deus é mais ampla que o mero direito]

O conteúdo desta aula também é apresentado no livro O reino entre nós: transformação de comunidades pelo evangelho integral, de Maurício J. S. Cunha e Beth A. Wood, publicado pela Editora Ultimato.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Carta Aberta da Pastoral da Juventude Rural

"Nós, jovens camponesas e camponeses, participantes da VI Assembléia Nacional da Pastoral da Juventude Rural, vindos dos estados do Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pernambuco, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, acolhidos no chão sagrado da Bahia de Antonio Conselheiro e dos lutadores de Canudos, somos sujeitos de uma ação pastoral que privilegia a vida digna no campo e transformação da sociedade, pautados no Evangelho de Jesus Cristo e na vivência das primeiras comunidades cristãs.
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Acreditamos que a vida na roça deve ser respeitada e construída cotidianamente como uma luta em favor da justiça e da paz, por isso declaramos que:
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Denunciamos o agronegócio e seu projeto de morte, que escraviza trabalhadores, destrói o meio ambiente, prioriza a exportação, fomenta a fome no Brasil produzindo commodities, reforça as relações de exploração e o atrasado latifúndio.
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Denunciamos também os aliados deste sinistro projeto: o Poder Judiciário, que fecha os olhos às desigualdades sociais, ousa fechar escolas itinerantes e criminalizar os pobres que se organizam; a Mídia, que confunde a opinião publica distorcendo fatos para legitimar a dominação das elites; o Estado Brasileiro, com suas políticas de financiamento do agronegócio e das transnacionais que saqueiam nossas riquezas.
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Ousamos resistir a essa ofensiva das elites, propondo nos organizar para enfrentar as raízes dos problemas sociais que afetam a juventude. Convocamos toda a sociedade brasileira a se por em marcha contra a violência estrutural, física e simbólica que atinge os/as jovens trabalhadores/as, pobres e negros/as deste país. Juntamente com as Pastorais da Juventude do Brasil estaremos atuando no nosso meio, em escolas, nas comunidades para enfrentar as políticas de extermínio do Estado e das Elites.
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Anunciamos juntamente com outras forças da Igreja e da Classe Trabalhadora, a construção de um Projeto Popular para o Brasil, que garanta vida digna a todos e todas, com uma Reforma Agrária ampla e massiva, com Políticas Agrícolas que priorizem a produção de alimentos para o povo brasileiro, com Políticas que enfrentem o desemprego e a desigualdade social.
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Como discípulos/missionários de Jesus, nos comprometemos em:
  • Trabalhar a importância da juventude e o seu protagonismo
  • Ajudar os jovens da roça para que assumam a Identidade Camponesa
  • Fortalecer nossa participação na Pastoral Orgânica
  • Contribuir na construção de um novo jeito de ser Igreja (articulando fé e vida)
  • Fortalecer a identidade e a caminhada da PJR Brasil
  • Contribuir na transição do modelo agrícola convencional implementando a agroecologia e a cooperação.
  • Participar da construção do Projeto Popular.
  • Despertar e cultivar a cultura camponesa.
  • Participar da construção e efetivação da Educação do Campo e no campo.
  • Assumir a questão de gênero
Jovens: há uma esperança para teu futuro. Engajemo-nos na construção de um outro mundo possível.
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Catu – BA, 29 de março de 2009."

sábado, 28 de março de 2009

Desenvolvimento Comunitário (II)

Anotações sobre a capacitação ocorrida em Araçariguama - SP do dia 16 ao dia 20 de Março de 2009.

Sueli Catarina (Visão Mundial) – aula proferida em 17/03/2009

Sueli da Visão Mundial


Visão Mundial: no final dos anos 1980 começou a repensar a prática de assistência e passou a trabalhar com o conceito de desenvolvimento transformador.

DESENVOLVIMENTO TRANSFORMADOR

- É um processo e são ações através dos quais crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades se movem em direção à plenitude da vida com dignidade, justiça, paz e esperança.

Princípios:
- Baseado na comunidade, embasado na fé crista e focado na criança. (TRIPÉ)
- Empoderamento de meninas e meninos como agentes de transformação.
- Relacionamentos restaurados com Deus através da fé em Jesus Cristo, relacionamentos restaurados e igualitários dos membros da comunidade entre si e também com outros; e relacionamento protetor com o meio ambiente.
- Interdependência e relacionamentos potencializadores da comunidade com diferentes parceiros de desenvolvimento em níveis local, nacional regional e global.
- Transformação de estruturas e sistemas

Meta Maior (baseada no TRIPÉ):
- Contribuir para o desenvolvimento e o empoderamento de uma rede nacional de crianças, adolescentes e jovens, ajudando-os a alcançar vida em plenitude, e junto com os quais podemos contribuir para a transformação do Brasil.

PDA – PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE ÁREA

A principal estratégia de intervenção para o fomento do desenvolvimento local utilizada pela Visão Mundial é o PDA, Programa de Desenvolvimento de Área.
É uma forma concreta de intervenção que gera impacto transformador numa determinada área, incorporando conceitos de organização, mobilização, participação e auto-gestão comunitária, visão crítica, prática e coletiva.

PROGRAMA
[Diferença entre programa e projeto: o programa traz outras articulações, agrega diversos setores.]
- Conjunto articulado de ações, projetos, iniciativas, articulações, recursos técnico-financeiros, metodologias, políticas e sistemas programados em um determinado tempo, com objetivo de desencadear processos de transformação integral.
- Capacidade de agregar a multisetorialidade da intervenção, implicando em uma coordenação orgânica entre as iniciativas dos diversos setores, devendo ser orientado por uma proposta comum, que todas as ações se submetam a um desenho intencional.

DESENVOLVIMENTO
- Processo pelo qual crianças, adolescentes e jovens, suas famílias e comunidades se movem em direção à integralidade da vida com dignidade, justiça e esperança. Focado no bem-estar da criança.

ÁREA
- Espaço onde se constrói um processo de desenvolvimento, mais que um espaço físico, a Visão Mundial a define como o espaço geográfico delimitado, habitado por contingente humano empobrecido, que tenha uma história, cultura, problemática e interesses comuns.

Três aspectos fundamentais:
- Delimitação (conhecer o contexto)
- Integração (todos os atores sociais são importantes)
- Protagonismo local (soluções prontas não são impostas) [exemplo bíblico da multiplicação dos pães e dos peixes]

Princípios do PDA:
- Protagonismo comunitário – As pessoas são atores principais e as ações visam o empoderamento da comunidade e de todos os seus membros para que eles sonhem, planejem, monitorem e avaliem os programas e projetos.
- Sustentabilidade – Os programas de Desenvolvimento Transformador devem buscar mudanças sustentáveis econômica, social e ambientalmente.
- Holismo – Devem refletir uma compreensão física e espiritual do ser humano; do mundo no qual vivemos e do modo como nos desenvolvemos.
- Transformação Mútua – Busca a transformação contínua de todos os envolvidos, incluindo o nosso pessoal, as comunidades, igrejas, ONGs, governos, etc.
Características:
- Apropriação do projeto por parte da comunidade, tornando-se cada vez mais gestora dos processos desencadeados.
- Coordenação e articulação com outras entidades, igrejas, ONGs e governo, para ação conjunto e integralizada.
- Alta qualidade de serviços, programa e sistemas desenvolvidos.
- Impacto na vida individual e comunitária dos grupos segundo os valores cristãos tais como: Justiça, Respeito à diversidade, Fraternidade, Solidariedade, Paz, etc.
- Compreensão por parte dos doadores do contexto das comunidades e vice-versa.
- Financiamento múltiplo (VM, outras ONGs, governos, sociedade)
- Capacidade de proposição e controle social de políticas públicas.
- Capacidade de responder ao contexto local, relacionando com o contexto global.

(Falou até aqui bastante da dimensão conceitual do PDA, é preciso tratar agora da dimensão programática.)

DIMENSÃO PROGRAMÁTICA

Requisitos básicos:
- Relação macro-micro.
- Formulação e implementação de políticas públicas.
- Construção de parcerias.
- Prevenção e controle social – trabalhando mais as causas que os efeitos (sintomas) dos problemas.
- Definir ações a partir de diagnóstico social.
- Ampla participação da comunidade – esta deve ser sujeito ativo do processo dos PDAs.
- Ações efetivas – que provoquem o impacto desejado
- Atenção prioritária a crianças e adolescentes.

[COALIZÃO – MOBILIZAÇÃO – ARTICULAÇÃO]

Na estrutura de um PDA temos várias organizações envolvidas:
Entidades religiosas que trabalham em parceria, conselho fiscal, conselho comunitário, e conselho gestor.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Desenvolvimento Comunitário (I)

Do dia 16 ao 20 de Março de 2009, estive no Vale da Bênção, em Araçariguama, no Estado de São Paulo, participando de uma capacitação sobre DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO.

O evento recebeu cerca de 60 pessoas de diversas igrejas e instituições e foi promovido pela AEBVB (Associação Evangélica Beneficente Vale da Bênção), pelo CADI (Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral) e pela Visão Mundial, contando também com o apoio da RENAS (Rede Evangélica Nacional de Ação Social).

Lá pudemos ouvir e refletir em grupo acerca de uma série de conceitos e práticas já existentes na área do Desenvolvimento Comunitário. Pudemos também colocar em prática alguns dos conhecimentos adquiridos a partir de simples princípios de ação comunitária reunidos sob o nome de PROJETO SEMENTE. Nesta parte prática experimentamos uma breve intervenção numa comunidade próxima ao Vale.

a turma toda reunida



Espero, em próximas postagens, poder partilhar um pouco do que aprendi lá naqueles dias. Compartilharei anotações de aulas, pensamentos e impressões sobre a vivência prática.

Aqueles dias foram um momento muito importante de confirmação de uma série de questões que já têm me tocado apontando para um tema específico: espero, deste modo, poder focar, nas próximas postagens, no tema do PROTAGONISMO COMUNITÁRIO.


Por enquanto, vale a pena conhecer um pouco do trabalho de cada uma dessas organizações acima citadas:



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quinta-feira, 12 de março de 2009

Saneamento Ambiental: desafio missionário urbano

por Flávio Conrado e Marcus Vinícius Matos
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O “saneamento” é um dos desafios que se relacionam com a noção holística de sustentabilidade e que refletem processos nos quais a combinação de ausência de políticas públicas e altos índices de desigualdade social produz impactos negativos sobre a saúde e o meio ambiente. Renomeado “saneamento ambiental”, o desafio se refere ao acesso à água encanada e potável, ao tratamento de esgoto sanitário, à coleta de lixo e ao tratamento de resíduos em aterros sanitários.
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Em resposta ao chamado bíblico de orar e procurar o bem-estar (“shalom”) da cidade (Jr 29.7), as igrejas poderiam começar a agir de forma prática de várias maneiras...
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Para ler o texto completo vá até o blog do Flávio Conrado aqui.
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Ou acesse a última edição da Revista Ultimato aqui.
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domingo, 8 de março de 2009

FALE na Taquara

Início do trabalho de divulgação da REDE FALE na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

A divulgação na Zona Oeste foi uma necessidade levantada por Elizabeth Alves, participante do FALE-RIO e moradora da Taquara. Esta divulgação da rede na Zona Oeste também marca o início da nossa caminhada enquanto grupo local do FALE no Rio de Janeiro.

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Se você deseja saber mais sobre a Rede Fale ou deseja apresentar a rede à sua igreja ou comunidade, entre em contato: pedrojustica@gmail.com.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Bênção franciscana

Que Deus te abençoe com um
desconforto inquietante sobre as
respostas fáceis, as meias
verdades e as relações
superficiais, para que possas
buscar a verdade corajosa e viver
profundamente em teu coração.
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Que Deus te abençoe com sagrada
raiva à injustiça, à opressão e à
exploração de pessoas para que
possas trabalhar incansavelmente
pela justiça, liberdade e paz entre
todas as pessoas.
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Que Deus te abençoe com o Dom
de lágrimas para derramá-las com
aqueles que sofrem de dor,
rejeição, fome ou a perda de tudo
aquilo que eles amam, para que
possas estender a mão para lhes
dar conforto e transformar a sua
dor em alegria.
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Que Deus te abençoe com a
tolice suficiente para que creias
que realmente podes fazer
diferença neste mundo, para que
possas com a graça de Deus,
fazer aquilo que os demais
insistem ser impossível.
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E que a benção de Deus, Suprema
Majestade e nosso Criador, Jesus
Cristo, a Palavra encarnada que é
o nosso irmão e Redentor; e o
Espírito Santo, o nosso
Advogado e Guia, seja contigo e
permaneça contigo e com todos,
hoje e para sempre.
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Amém.
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[fonte: Boletim de Oração da Rede FALE de jan/fev de 2009]
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

MST por ele mesmo

A matéria acerca do MST, que foi ao ar hoje, dia 27 de Fevereiro de 2009, no Jornal Nacional, não apresentou a versão do movimento, no caso, acusado de crimes e ilegalidades.

Vale a pena, então, dar uma conferida no que o próprio MST diz do ocorrido [as mortes dos "seguranças" e as acusações de Gilmar Mendes].
Vá direto ao sítio deles www.mst.org.br ou confira direto essas matérias por eles disponibilizadas:
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O NOSSO OUTRO MUNDO POSSÍVEL

O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL E O NOSSO OUTRO MUNDO POSSÍVEL
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por Caio César Marçal (Secretário de Mobilização da Rede FALE)
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A grande chamada do Fórum Social Mundial para reunir mais de cem mil pessoas de várias partes do mundo tem sido "um outro mundo é possível". Ora, ante uma realidade tão ultrajante de sociedades tão fraturadas, corrompidas e com valores tão destrutivos, quem não deseja ardentemente uma nova ordem onde a vida seja plenamente restaurada?
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Num mundo dividido (muito mal dividido, diga-se de passagem), grandes são os clamores para que se encontrem alternativas viáveis para um desenvolvimento sustentável do planeta, a eliminação de distorções sociais e promoção de direitos negados para as camadas marginalizadas pelo atual modelo vigente da economia global.
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Como esperança para esses anseios, o evangelho apresenta como proposta um outro mundo possível: O Reino de Deus, que será inaugurado plenamente na volta do Cordeiro de Deus. Nesse outro mundo, as pessoas desaprenderão a guerrear, tudo será de todos, irmanados em volta de um mesmo Pai. Lá habitará a justiça e todo ódio, violência, fome, preconceito e divisão não mais existirão. A paz será plena e eternamente seremos um só Nele.
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O que parece lamentável é que muitos daqueles que afirmam ser cidadãos do "outro mundo possível de Jesus" sejam tão negligentes e dóceis quanto ao modelo vigente que ofende aos céus. Assumir a cidadania divina da nova Ordem, que se inicia aqui conosco quando dizemos sim ao evangelho, não deveria nos levar a promover os valores desse Reino agora?
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O mestre nos adverte que aqueles que são insensíveis ao sofrimento dos marginalizados serão apartados e impossibilitados de viver no único mundo possível que está por vir. Em suma, só será cidadão lá, que o começar sendo aqui!
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No FSM 2009, realizado em Belém do Pará, um grupo de jovens cristãos de diversas igrejas evangélicas participantes da Rede Fale, marcaram presença promovendo debates sobre "Cristianismo e Justiça", "Políticas Públicas de Juventude" e "Saneamento Ambiental", além de um belo culto público de Justiça e Paz. Essa turma que deseja levar cativa toda consciência a vontade de Deus, literalmente marchou na coragem do Senhor!
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Que o Senhor da História levante mais pessoas sensíveis e desejosas de sinalizar a bondade de Deus e resgatar a esperança daqueles que sonham com dias melhores!
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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

domingo, 8 de fevereiro de 2009

FALE por Saneamento Ambiental em Marabá

[Falta acesso à água potável, falta coleta de lixo, falta tratamento do esgoto sanitário. Obras têm sido feitas de forma desordenada... Dá pra mudar isso na Grota Criminosa!]
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FALE POR SANEAMENTO AMBIENTAL EM MARABÁ - PA.


A Grota Criminosa, em Marabá - PA.




cartão postal da campanha local de Marabá

ao enviar o cartão você sinaliza a sua insatisfação e inconformidade com a situação
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FALE
"Levante a sua voz contra a injustiça!"
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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Justiça e saneamento ambiental em Marabá

"Amor e Verdade se encontram,
Justiça e Paz se abraçam;
da terra germinará a Verdade,
e a Justiça se inclinará do céu.
O próprio Iahweh dará a felicidade,
e nossa terra dará seu fruto.
A Justiça caminhará à sua frente,
com seus passos traçará um caminho."

[Salmos 85: 10-13; Bíblia de Jerusalém]


Caio César [Coordenador do FALE] conversando com moradora da Grota Crimosa


"Não há meio ambiente saudável enquanto persistir tamanha desigualdade social."

[Frase retirada do texto informativo do cartão da primeira fase da campanha por Saneamento Ambiental no Brasil. A frase se refere ao contexto nacional de falta de acesso a coisas básicas como àgua, coleta de lixo e tratamento do esgoto.]

O esgoto por entre as casas. Grota Criminosa, Marabá - PA.



"'Ele defendeu a causa
do pobre e do necessitado,
e, assim, tudo corria bem.
Não é isso que significa conhecer-me?',
declara o Senhor."

[Jeremias 22: 16; Bíblia NVI]


A Grota Criminosa em Marabá - PA

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Algumas músicas que embalaram o FALE no Pará [Amplificando 2009]

Xote da vitória

Se perguntarem sobre o dia da vitória
Tu dirás com esperança tudo aqui vai
melhorar.
O povo alegre realizará a história
E no fim do tempo certo a colheita se dará.
A fome haverá? Não! Violência haverá? Não!
Se a nossa força for além da romaria,
O Senhor da harmonia afastará de nós a dor.
/:La, laia, laia , laia, laia, laia, laia:/
É caminhando com o olhos no futuro,
Clareando o escuro com a força da união.
Que venceremos quem vai contra a natureza
Pois sabemos com certeza haverá ressurreição
A fome haverá? Não! Violência haverá? Não!
A nossa terra terá vida abundante,
Prá que a gente cante e dance a plenitude do
amor.
/:La, laia, laia , laia, laia, laia, laia:/


Momento novo

1. Deus chama a gente pra um momento novo, de caminhar junto com seu povo.
É hora de transformar o que não da mais, sozinho, isolado, ninguém é capaz.
/: Por isso vem, entra na roda com a gente também, você é muito importante :/
(vem)
2. Não é possível crer que tudo é fácil, há muita força que produz a morte.
Gerando a dor, tristeza, e desolação, é necessário unir o cordão.
3. A força que hoje faz brotar vida, atua em nós pela tua graça.
Deus é quem nos convida para trabalhar, o amor repartir e as forçar juntar.


Que estou fazendo se sou cristão?

Que estou fazendo se sou cristão, / Se Cristo deu-me o seu perdão?
Há muitos pobres em lar, sem pão, / Há muitas vidas sem salvação.
Mas Cristo veio pra nos remir, / O homem todo, sem dividir:
Não só a alma do mal salvar, / Também o corpo ressuscitar.

Há muita fome no meu país, / Há tanta gente que é infeliz,
Há criancinhas que vão morrer, / Há tantos velhos a padecer.
Milhões não sabem como escrever, / Milhões de olhos não sabem ler:
Nas trevas vivem sem perceber / Que são escravos de um outro ser.

Que estou fazendo se sou cristão, / Se Cristo deu-me o seu perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão, / Há muitas vidas sem salvação.
Aos poderosos eu vou pregar, / Aos homens ricos vou proclamar
Que a injustiça é contra Deus / E a vil miséria insulta os céus.


Convite à liberdade

Ó vinde vós os povos de todas as nações,
Erguei-vos e cantai com alegria,
Fazei nos ares soar a nova melodia:
Que Jesus Cristo traz libertação.
É tempo de romper a vil escravidão,
Que em vós exercem homens ou idéias.
É tempo de dizer que só Deus pode ser,
O único Senhor da humanidade.
A verdade vos libertará.
Sereis em Cristo verdadeiramente livres.
Vinde todos! Sim, ó vinde já!
E celebrai com alegria a vossa libertação!

E vós os oprimidos, e vós os explorados,
E vós os que viveis em agonia.
E vós os cegos, coxos, vós cativos, sós,
Sabei que em breve vem um novo dia.
Um dia de justiça, um dia de verdade.
Um dia em que haverá na terra a paz,
Em que será vencida a morte pela vida
E a escravidão enfim acabará.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Música no FSM 2009!



Douglas e eu nos corredores da UFPA!

"Fale a todos

Pelos que não podem

Sejamos fontes

De paz e justiça

Sejam estas

Como rio

Que não se acaba."

[Douglas Rezende]

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Abrigo ALMA na televisão!

[adaptado de e-mail enviado por Renata Pereira]
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No dia 31 de Janeiro de 2009, na 1ª edição do RJTV, foi veiculada uma entrevista com a dona Ilma, coordenadora do Abrigo Alma – que funciona na Ilha do Governador.
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Tal abrigo é conhecido por muitos jovens de nossa Igreja, já que há mais ou menos 4 anos o ministério de justiça dos jovens tem apoiado o trabalho desenvolvido no Abrigo.
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Hoje em dia, conhecemos de perto as dificuldades enfrentadas por este trabalho voluntário, sustentado pela generosidade das pessoas através de doações. Sabemos da importância que este abrigo tem tido na vida das crianças que ali estão, pois encontram ali um local seguro e acolhedor, situação muitas vezes não vivenciada em seus lares.
-
Mais um ano se inicia e continua o desafio para nós, jovens da Igreja Batista Itacuruçá, de continuar abençoando e sermos abençoados pelo convívio com esses pequeninos. Por este motivo convido a quem conhece e a quem não conhece o Abrigo Alma a assistir o vídeo no link abaixo:


sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Direto de Belém...

O Fórum Social Mundial é de fato um acontecimento muito interessante. Os dias aqui têm sido ótimos, muito proveitosos mesmo. Participar do Fórum junto com uma rede de pessoas como o FALE tem me feito aprender muitas coisas sobre ação e mobilização social.
Acompanhe um pouco do que temos feito aqui com o FALE no FSM 2009!
Acesse www.fale.org.br, lá você encontra uma série de matérias sobre nossa participação no Fórum.
Abraços a todos e até a volta,

Pedro.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Direto de Marabá...

Há exatos 19 anos, em 26 de Janeiro de 1990, Herbert de Souza (Betinho) escreveu o seguinte texto:

VIVE LA DIFFERENCE![1]

Antes do novo presidente tomar posse já vem de novo aquela velha história cantada desde que aqui chegou Cabral para explorar o Brasil em nome da civilização ocidental e cristã: unidade nacional, pacto social, salvação nacional!

Tudo isso se propõe em nome dos mais altos interesses da nação e de tal forma é apresentado que quem não se integra nesse espírito de unidade corre o risco de passar por divisionista, ressentido e com mania de ser do contra. Para esses unitaristas o Brasil só tem salvação se estivermos do mesmo lado, no mesmo passo, pensando, propondo, querendo e amando as mesmas coisas, e particularmente a mesma pessoa que encarna a presidência. A oposição é vista como um mal, uma perversão. A diferença é maléfica. A diversidade desgasta. A oposição é traição. Oposição boa é a que concorda com o governo, dialoga com ele, legitima os seus atos. Oposição ruim é a que discorda, vigia, critica, pergunta, duvida e afirma seus próprios pontos de vista.

Destruída a oposição e unida em torno de Hitler a Alemanha quase destruiu a Europa e a si mesma. Unida, a Itália gerou Mussolini. Unidos, os partidos comunistas custaram a despertar para o furacão democrático que soprava nas suas barbas. Unida, a máfia de Medellín estende seus negócios até o Rio de Janeiro. Essa ideologia da chamada unidade nacional num país tão perversamente desigual quer impor a noção de que a raposa e a galinha são iguais, e mais, devem dormir na mesma cama. Imaginem quem acorda satisfeita no outro dia! Quer também desenvolver o culto da unanimidade: se o presidente pensa de uma forma o bom é que haja unanimidade em torno do pensamento do presidente. Sejamos unânimes e estaremos salvos. O presidente, é claro.

A tese da unidade nacional trabalha com o princípio da unanimidade, mesmo que diga da boca para fora aceitar a existência de oposição, bem comportada e bem intencionada. Além da unanimidade ser o campo da burrice e da demissão da consciência, da autonomia do pensamento e da liberdade, ela é a armadilha ideológica do autoritarismo. Ainda me lembro: Brasil, ame-o ou deixe-o! Unidade para negar as diferenças, iludir as classes subordinadas e calcar a estrada do autoritarismo, não. Unidade para construir uma sociedade democrática, sim. Mas a democracia não vive da unanimidade, morre. Não vive do consentimento oficialista, de modo geral subserviente e corrupto, mas do confronto permanente de pontos de vista, de críticas, de propostas alternativas e do exercício da cidadania livre e independente. A democracia só vive e sobrevive se existe a oposição plena. A oposição não é uma concessão do poder. Tenho medo de todos esses que adoram o poder e têm medo de oposição. Sei em que mundo eles querem chegar. Estamos vindo de lá! É ridículo esse liberalismo daqueles que só apóiam a oposição nos países socialistas.

O processo democrático no Brasil foi sendo construído a duras penas graças ao exercício da oposição, da demarcação de diferenças, da autonomia da sociedade em relação ao Estado, da domesticação do poder do Estado e do desenvolvimento do sentido da cidadania. É bom lembrar que esse processo custou muito sacrifício e não muito longe no tempo deu cadeia, tortura e até morte. O autoritarismo no Brasil sobreviveu graças ao oficialismo, ao fascínio pelo poder a qualquer custo, a subordinação da sociedade ao Estado e ao aniquilamento do sentido de independência do cidadão frente aos chefes de turno. A unanimidade é autoritária. A diferença é democrática.

Não quero viver obrigado a obediência a nenhuma idéia de nação, pátria, partido, igreja ou grupo. Quero viver de acordo com princípios democráticos fundados na solidariedade, na liberdade, igualdade, participação e diversidade. Para isso não precisamos de articuladores da unanimidade em benefício do rei, mas de mobilizações de toda a sociedade onde haja lugar para a manifestação e o desenvolvimento de todos os que somos e pensamos diferentes. O Brasil só será um país unido quando for democrático, isto é, quando respeitar a diversidade e todos vivermos em condições básicas de igualdade, liberdade e respeitando todas as diversidades.

No Brasil de hoje se poderia dizer que existe muita diferença entre os de baixo e sobre unanimidade entre os de cima: se a classe dominante brasileira fosse um pouco mais dividida haveria na mesma proporção mais espaço para a democracia. Se a terra fosse mais dividida haveria mais espaço para milhões de brasileiros que hoje vivem na miséria nas grandes cidades. Se o capital financeiro fosse mais democratizado talvez produzisse mais e especulasse menos. Se a mídia não estivesse "unida" nas mãos de uns poucos certamente o Brasil seria melhor e mais democrático. Se o povo não estivesse tão unido nos trens da central talvez pudesse ir para o trabalho em condições mais dignas.

Por tudo o que já vimos até agora temos todas as razões para identificar a busca da unanimidade, camuflada de unidade, como o pretexto e a arma dos que querem perpetuar o autoritarismo em nome da nação, e todas as razões para lutar pelo direito a oposição, a diversidade e autonomia em relação ao poder do Estado como essenciais para a democracia. Oposição aliás que responde praticamente pela metade do país e que foi capaz de somar 31 milhões de votos. E é por isso que afirmo enquanto é tempo e antes que algum emissário da unidade em torno do poder bata à minha porta: vive la difference!



[1] Texto publicado em Escritos Indignados: democracia x neoliberalismo no Brasil, pela Rio Fundo Ed. : IBASE, em 1991.