domingo, 21 de fevereiro de 2010

O poder da articulação II


É fascinante mesmo a possibilidade de mobilizar e articular pessoas, mas o problema do saneamento ambiental nao se resume ao acúmulo de lixo e sua solução não fica apenas numa grande ação de coleta de lixo...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tortura Nunca Mais!

Cecília Coimbra (Coordenadora do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ) fala sobre a Comissão de Verdade

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Justiça para si e para o outro: primeira parte

Justiça para si e para o outro
Primeira parte: de mim para mim.

-

Tem me intrigado a forma como repetimos nos espaços religiosos algumas práticas e discursos que valorizam a negação de si mesmo para afirmar o outro, seja ele o nosso próximo, seja ele Deus, o Grande Outro. Tenho me perguntado até onde vai essa auto-renúncia em nome do outro. Até que ponto eu preciso desenvolver um outro modo de vida – que nem sempre é bom para mim – para afirmar em primeiro lugar o outro?

-

Minha preocupação nunca será pensar qual a melhor forma de me livrar do outro, de me isolar, de não me sujeitar mais ao outro e assim ser totalmente livre. Antes minha preocupação é: como posso me inserir na coletividade sem que tenha que deixar minha individualidade morrer? Como a minha autonomia se relaciona com a autonomia do outro e dos projetos de coletividade nos quais eu e outro nos inserimos? Como a minha participação no coletivo pode se dar de uma maneira cada vez mais ativa e menos sujeitada?

-

O problema que eu me proponho a pensar – enquanto ser humano que sou, atravessado por uma série de vozes que gritam ou sussurram em diferentes freqüências e direções – é da ordem da ética e da política. Mas, talvez indiretamente, seja também da ordem da fé, pois este pequeno elemento tem me incitado a refletir acerca da ética e da política. Na verdade, a dinâmica da fé na minha vida ocasiona um pensamento com a filosofia. Foi do pequeno elemento fé que meu interesse no pensamento humano aflorou. Foi das práticas que veio minha paixão pela crítica. Minha inserção prática nestes campos de atuação e pensamento é o que está em jogo aqui.

-

Nas andanças filosóficas, me debrucei justamente sobre a questão ética da relação entre cuidado de si e cuidado dos outros. O mergulho neste problema foi e é ainda também um mergulho no pensamento do filósofo francês Michel Foucault (1926 - 1984). Através dele que penso as questões da minha prática de vida. Há uma interação muito grande entre as duas coisas, embora raramente por mim confessada. Em outros espaços eu reflito diretamente a partir dos conceitos do próprio Foucault. Aqui me proponho a refletir com outro material: o das práticas de transformação social nas quais me insiro.

-

Como eu disse no início, a relação entre o si mesmo e os outros tem me ocupado bastante enquanto um problema filosófico e prático. É na verdade uma questão bastante antiga e geral – a da interação entre indivíduo e sociedade –, mas que continua sempre despertando em mim motivos para novas práticas e reflexões possíveis. Muito cedo, eu tomei a decisão de seguir um Caminho, que é um caminho de constante transformação de mim mesmo e do outro, de constante busca pela justiça na sociedade e também nas mínimas interações com as pessoas. Como eu seguiria este Caminho eu não sabia, mas sabia que queria segui-Lo. Em breve falarei, sobre as pequenas certezas e convicções que já encontrei (ou inventei) até aqui, e apontarei então alguns caminhos concretos que fazem parte dessa grande Caminhada, que hoje me interessa muito, a da luta pela justiça para mim e para o outro.

-

Este foi um texto de mim para mim, minha intenção era tornar algo mais nítido, em primeiro lugar, para mim mesmo.

-