quarta-feira, 24 de abril de 2013

"a luta por direitos humanos é a essência da nova luta de classes hoje"

Gostei bastante do trecho da entrevista com Marcelo Freixo (Deputado Estadual pelo PSOL-RJ) disponibilizado no site da Revista Fórum. A entrevista integral está disponível apenas nas bancas.

A fala de Freixo trata, em determinado momento, diretamente do genocídio da juventude negra e pobre. Vale a pena lê-la, até mesmo para fazer um uso de sua fala numa AGENDA de enfrentamento dessa violência contra os jovens.

Do trecho disponível, destaquei a seguinte passagem, que me soou bastante interessante para disparar uma reflexão em torno dessa disputa em torno do que é o humano hoje (questão para um outro momento):

"A polícia entra na favela e cinco pessoas morrem, isso cria uma grande comoção? Não. Porque, na nossa cabeça, essas pessoas já foram julgadas, julgadas pelo nosso medo. “Polícia entra na USP e mata cinco”. Toda a imprensa vai para lá. Que merda é essa? A dignidade tem endereço, a decência humana tem endereço, é de classe. Por isso, a luta por direitos humanos é a essência da nova luta de classes hoje. Porque não está na relação capital e trabalho, está entre quem é humano e quem não é. Quando um sujeito diz: “Direitos humanos para humanos direitos” é porque ele está dizendo que existe uma categoria que não é humana. Há uma busca de legitimidade do extermínio, seja físico ou moral." 

Por ora fico com o seguinte.
Acredito que a afirmação "a luta por direitos humanos é a essência da nova luta de classes hoje", dentro do contexto apontado por Freixo em outros momentos da entrevista em que ele coloca de forma mais explícita a relação entre cor/raça/etnia e classe, nos permite pensar essas outras dimensões da vida que atravessam a "luta de classes" hoje. 

Por um lado, é preciso pensar recortes de gênero, raça e orientação sexual dentro da questão de classe. Por outro, é preciso pensar dentro das questões de gênero, raça e orientação sexual, as questões de classe.

Sem esses atravessamentos aí sim corremos o risco de cair no que a "esquerda tradicional" chama (ou chamou) de "fragmentação" da luta, de pulverização de "microlutas". Para a "esquerda tradicional", estas lutas específicas não conseguiriam mexer com relações ainda fundamentais ligadas ao funcionamento da sociedade capitalista, ao acúmulo e à circulação do capital. Questões a se pensar... [Aqui, tentei refletir um pouco sobre a especificidade das lutas, mas já desenvolvi essa reflexão um pouco desde então...]


Em suma, acredito nas microlutas e também no seu possível atravessamento com essas questões "macro" do capital. Vejo nesse "agenciamento" a grande potência das novas lutas de hoje!

Um comentário:

MEMÓRIAS CAMINHADAS disse...

É isso ai Pedro!! Existem várias formas de luta e as micros são importantes.Quando no cotidiano nos posicionamos, denunciamos, debatemos. Estamos lutando. Ótima análise. beijos