terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Raimundo Felipe da Silva, presente!

Hoje foi o ato de despedida, o sepultamento do Sr. Raimundo Felipe da Silva, pai da minha amiga Fátima Silva, no Cemitério do Catumbi (Rio de Janeiro, RJ).
Fátima, através do amigo Jorge William, fez um agradecimento aos que estiveram presentes no dia de hoje. Reproduzo aqui um trecho de seu registro sobre um homem que lutou e dividia tudo com todos, como bem disseram durante o velório.

“Na ocasião, celebramos e memoramos a vida e dedicação de um homem marcado por uma trajetória de engajamento político e de um militante efetivo em várias frentes, dentre as quais, esteve atuante durante o processo de reestruturação do Partido Comunista Brasileiro, o que o levou a ser preso e interrogado no antigo DOPS no ano de 1964, sob acusação de ser comunista. Foi também participante na organização de sindicatos, e ainda, dedicou-se em mobilizações para garantir melhorias e desenvolvimento de comunidades e na fundação de várias associações de moradores na zona oeste carioca. 

Foi um homem simples, de origem nordestina, vindo para o RJ como retirante, tendo como formação acadêmica apenas o 4º ano primário incompleto. Casou-se e constituiu uma família de 6 filhos, tendo como fonte de toda renda familiar a profissão de pedreiro, mas insistente em promover o estudo e formação dos filhos e filhas. Em meio a tantas limitações e dificuldades, lutou com grande empenho e esforço por mais dignidade e igualdade de condição de vida para os mais pobres e oprimidos, acreditando piamente na transformação social e da diminuição das desigualdades, por meio da justiça e da participação popular e democrática. Foi a partir de uma dinâmica de leituras e de sua formação politico-ideológica de esquerda, que tornou-se uma liderança e um referencial para muitos jovens, que vieram a ser dentre muitos doutores e de carreira política ativa.

Dentre algumas reminiscências e falas feitas por familiares, amigos e companheiros de lutas, foi lembrado, com destaque, que uma das poucas instituições que devotava seu respeito e admiração até o fim de seus dias – foi o MST - cuja bandeira esteve aberta na capela e durante todo o cortejo funeral. Outro gesto memorável e de grande emoção, foi quando uma de suas filhas, sugeriu que fosse cantada a canção “Pra não dizer que não falei de flores” (Geraldo Vandré), considerando esta, uma mensagem que simboliza a história e trajetória de seu pai, o “Raimundão”, como era considerado por todas e todos.

Agradecemos grandemente por nos permitirem partilhar este singelo relato apenas como um ato simbólico em homenagem a homens e mulheres que trazem consigo um referencial de lutas e convicções em favor de seus semelhantes.


Fraternalmente,Fátima


Hoje, seu Raimundo estava coberto de flores...

Um comentário:

EDUARDO disse...

Preciso do filme para passar num debate, aquele sobre o RAIMUNDÃO. eduardo.