segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Oração e ação

Esta reflexão foi realizada em 2009/2 num dos encontros de pequeno grupo da ABU-UERJ. Neste dia, excepcionalmente, não utilizamos a Bíblia. O costume é sempre fazer uma reflexão que toma o próprio texto bíblico como fio condutor. Desta vez usamos outro material, veja:

Os materiais do estudo foram tirados do livro “O que é missão integral?”, de René Padilla, pp. 65-67.

A situação do país era ruim. Imperava o desemprego e Rodolfo não conseguia nenhum trabalho. Apropriando-se da mensagem dominical sobre a oração, certa manhã, ajoelhado, clamou a Deus e disse: “Senhor, amanhã buscarei um emprego. Peço-te que me dês um com o qual possa sustentar minha família”.
Levantou-se. Vestiu-se de forma apropriada e tomando seu currículo saiu com toda a fé até a fábrica onde se apresentaria. Ao chegar à porta, cruzou com um homem cabisbaixo que saía do local. Este homem mal notou que alguém passava ao lado, mas Rodolfo lhe pareceu conhecido.
Rodolfo entrou no lugar com a certeza de que Deus o tinha ouvido. Ao apresentar-se na recepção, perguntou se havia alguma vaga de trabalho. Pegaram seu currículo e lhe pediram que esperasse. Sentiu esperanças de que talvez o homem com o qual cruzara tivesse acabado de ser demitido.
Em poucos minutos, o chefe do pessoal se aproximou, o cumprimentou e lhe disse: “Senhor Rodolfo, acabamos de liberar uma vaga de trabalho. Você está contratado.”
Cheio de alegria, Rodolfo voltou para casa apressado para compartilhar a boa notícia.
No jantar em família à noite, Rodolfo fez um brinde dando graças a Deus por seu novo emprego. No entanto, algo a respeito do homem que viu sair o inquietava e ele não sabia bem por quê. Na oração pelos alimentos, sua filha menor deu graças pelo emprego do pai e também quis pedir pela família de sua colega de escola, porque seu pai, curiosamente na mesma fábrica, tinha acabado de ser despedido.(“A troca”, Juan José Barreda Toscazo)
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Oração e ação
“Muitos contrapõem oração e ação. Concebem a oração como uma maneira de se desligar dos problemas concretos (especialmente os políticos e sociais) para os quais não se vê uma solução fácil; um ato religioso que, para quem ora, funciona como uma fuga da realidade. Primeiramente, temos de admitir que a oração pode ser usada como uma fuga. A oração genuína, no entanto, é totalmente oposta: é uma maneira de encarar a realidade, de assumi-la tal como ela é para então submetê-la à ação transformadora de Deus.” (René Padilla)

1. Compartilhe suas impressões iniciais do texto “A troca”. O que mais chama atenção na história toda? O que é problemático?
2. Reflita sobre como você tem orado. Compartilhe algo de positivo sobre sua vida de oração.
3. O que é oração genuína segundo Padillha? Você concorda? Se sim, como vivenciá-la?

5 comentários:

Marcos Vichi disse...

Olá Pedro,

A situação retratada no texto se encaixa bem naquela frase: "Alegria de uns, tristeza para outros." É sempre assim.

Já experimentei situação semelhante: Eu estava desempregado, e ao entrar em contato com um antigo chefe, soube que ele iria mandar um funcionário embora assim que conseguisse alguém para substituí-lo. Na mesma semana eu estava no emprego novo e agradecendo a Deus por aquela vitória.

Acho legítimo que o Rodolfo se sinta feliz com a sua bênção. O fato de outra pessoa ter sido demitida, para que ele fosse contratado, não desmerece o o fato de que a sua necessidade foi atendida.

Como sinal de gratidão a Deus, talvez Rodolfo pudesse procurar o pai do colega da escola de seu filho, para saber se ele teria como ajudá-lo nesta hora difícil.

Observação: eu não procurei o rapaz que havia sido demitido.

Um abraço,

Marcos Vichi

Pedro Grabois disse...

Vichi, como conheço você. Sei que sua fala é uma provocação, no bom sentido do termo. Pelo menos assim que vou procurar responder a você.

Acho que o que está em jogo na história "A troca" não são exatamente os sentimentos que devemos ter em relação aos outros. Ou se devemos procurar o outro, ou orar para que o outro encontre emprego etc.

A questão é: o quanto nossa espiritualidade (leia-se nossa relação com nós mesmos, com o próximo e com Deus) está dispota intervir nas transformações das estruturas da nossa sociedade naquilo que ela tem de injusto e excludente.

Qual é nossa oração? Qual é nossa ação?

Acho que seria absurdo dizer que é ilegítimo conseguir emprego em meio ao desemprego e dar graças por isso. O impasse não precisa permanecer aqui na negação de mim para afirmar o outro... É preciso encontrar um outro tipo de "equilíbrio", mas como?

Abraços,
Pedro.

Marcos Vichi disse...

Olá Pedro,

Você questiona: "É preciso encontrar um outro tipo de 'equilíbrio', mas como?

Seria necessário uma mudança radical na perspectiva de nossa cultura de mercado, que concentra renda e provoca desigualdades.

O problema é que muita gente poderosa ganha dinheiro com a situação atual e não quer nem pensar na possibilidade de ver secar a sua fonte de riqueza.

Só uma revolução poderia forçar uma alteração neste panorama, mas ela evoca imagens ruins de violência e morte. Mas é só ligar a TV que a tanto uma quanto a outra invadem a nossa casa sem que estejamos vivendo uma guerra civil declarada.

Como alternativa à revolução o Reino de Deus apresenta uma mensagem de paz, que tem o objetivo de trazer justiça para as relações do ser humano com o seu próximo e com a natureza.

Mesmo com sua mensagem pacífica anunciada pelo evangelho, a resistência à sua implantação histórica seria grande.

Enfim, apesar de ser possível um novo ponto de equilíbrio, eu acho muito difícil encontrá-lo sem alguns abalos sísmicos consideráveis.

Será que estou sendo pessimista demais?

Um abraço,

Marcos Vichi

Pedro Grabois disse...

Onde está o ponto de equilíbrio?
Está na proposta de uma justiça integral. Uma justiça que é para mim e para o outro. Pequenas mudanças, pequenas lutas atreladas a grandes lutas que trazem grandes possibilidades de mudanças.

Não acho que o único paradigma seja o da mega-revolução, embora processos revolucionários sejam necessários. Acho que as micro-transformações e as demandas encaminhadas por pequenos grupos podem ser um caminho interessante.

Abraços

Anônimo disse...

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