A Rede FALE vem a público repudiar o abuso de autoridade policial e racismo ocorrido no dia 11 de agosto em Maceió/AL, contra Franqueline Terto dos Santos e Benedito Jorge Silva Filho.
Condenamos não apenas esta situação específica de racismo e abuso de poder, mas recusamos a maneira pela qual o Estado trata a população, discriminando por cor/raça/etnia, tratando de forma diferenciada as negras e os negros de nosso país.
Relegar o racismo a um plano pessoal é ver os casos de abuso de poder da polícia como casos isolados. Na verdade, o que temos hoje é uma série de instituições que participam de um Estado policial e racista, que vigia e pune as pessoas, e que separa aqueles que considera dignos daqueles que julga indignos de uma cidadania de fato e não apenas de direito.
O escritor cubano Carlos Moore afirma, em seu livro Racismo e Sociedade, que “existe uma tendência crescente para trivializar o racismo, seja relegando-o à esfera puramente das relações interpessoais, seja reduzindo-o ao plano dos meros preconceitos que ‘todo o mundo tem’.” Essa tendência tão presente no Brasil acaba por invisibilizar o racismo e seus efeitos devastadores sobre as negras e os negros, inviabilizando as possibilidades de combatê-lo eficazmente.
Essa cidadania seletiva do Estado brasileiro — que nega direitos aos negros e negras, dentre outros grupos “minoritários” —, se fez presente de forma concreta com a prisão arbitrária de Franqueline Terto dos Santos, integrante da Rede Fale em Alagoas.
Como uma rede cristã, nós, da Rede FALE, evocamos também o testemunho da Bíblia Sagrada, onde está escrito: "Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com favoritismo" (Livro de Tiago, capítulo 2, versiculo 1).
Que a sociedade e o Estado brasileiros não façam diferença entre as pessoas, mas que defendam os direitos de todas e todos, com atenção especial para o modo como alguns grupos vêm sendo historicamente tratados, e que se estende aos dias de hoje. Que a sociedade e o Estado corrijam suas práticas racistas, violentas e discriminatórias.
Oramos por um arrependimento racial, social e institucional, porque racismo, discriminação e abuso de poder também são pecados!
16 de agosto de 2013.
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