Pedro.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Direto de Belém...
Pedro.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Direto de Marabá...
Há exatos 19 anos, em 26 de Janeiro de 1990, Herbert de Souza (Betinho) escreveu o seguinte texto:
VIVE LA DIFFERENCE![1]
Antes do novo presidente tomar posse já vem de novo aquela velha história cantada desde que aqui chegou Cabral para explorar o Brasil em nome da civilização ocidental e cristã: unidade nacional, pacto social, salvação nacional!
Tudo isso se propõe em nome dos mais altos interesses da nação e de tal forma é apresentado que quem não se integra nesse espírito de unidade corre o risco de passar por divisionista, ressentido e com mania de ser do contra. Para esses unitaristas o Brasil só tem salvação se estivermos do mesmo lado, no mesmo passo, pensando, propondo, querendo e amando as mesmas coisas, e particularmente a mesma pessoa que encarna a presidência. A oposição é vista como um mal, uma perversão. A diferença é maléfica. A diversidade desgasta. A oposição é traição. Oposição boa é a que concorda com o governo, dialoga com ele, legitima os seus atos. Oposição ruim é a que discorda, vigia, critica, pergunta, duvida e afirma seus próprios pontos de vista.
Destruída a oposição e unida em torno de Hitler a Alemanha quase destruiu a Europa e a si mesma. Unida, a Itália gerou Mussolini. Unidos, os partidos comunistas custaram a despertar para o furacão democrático que soprava nas suas barbas. Unida, a máfia de Medellín estende seus negócios até o Rio de Janeiro. Essa ideologia da chamada unidade nacional num país tão perversamente desigual quer impor a noção de que a raposa e a galinha são iguais, e mais, devem dormir na mesma cama. Imaginem quem acorda satisfeita no outro dia! Quer também desenvolver o culto da unanimidade: se o presidente pensa de uma forma o bom é que haja unanimidade em torno do pensamento do presidente. Sejamos unânimes e estaremos salvos. O presidente, é claro.
A tese da unidade nacional trabalha com o princípio da unanimidade, mesmo que diga da boca para fora aceitar a existência de oposição, bem comportada e bem intencionada. Além da unanimidade ser o campo da burrice e da demissão da consciência, da autonomia do pensamento e da liberdade, ela é a armadilha ideológica do autoritarismo. Ainda me lembro: Brasil, ame-o ou deixe-o! Unidade para negar as diferenças, iludir as classes subordinadas e calcar a estrada do autoritarismo, não. Unidade para construir uma sociedade democrática, sim. Mas a democracia não vive da unanimidade, morre. Não vive do consentimento oficialista, de modo geral subserviente e corrupto, mas do confronto permanente de pontos de vista, de críticas, de propostas alternativas e do exercício da cidadania livre e independente. A democracia só vive e sobrevive se existe a oposição plena. A oposição não é uma concessão do poder. Tenho medo de todos esses que adoram o poder e têm medo de oposição. Sei em que mundo eles querem chegar. Estamos vindo de lá! É ridículo esse liberalismo daqueles que só apóiam a oposição nos países socialistas.
O processo democrático no Brasil foi sendo construído a duras penas graças ao exercício da oposição, da demarcação de diferenças, da autonomia da sociedade em relação ao Estado, da domesticação do poder do Estado e do desenvolvimento do sentido da cidadania. É bom lembrar que esse processo custou muito sacrifício e não muito longe no tempo deu cadeia, tortura e até morte. O autoritarismo no Brasil sobreviveu graças ao oficialismo, ao fascínio pelo poder a qualquer custo, a subordinação da sociedade ao Estado e ao aniquilamento do sentido de independência do cidadão frente aos chefes de turno. A unanimidade é autoritária. A diferença é democrática.
Não quero viver obrigado a obediência a nenhuma idéia de nação, pátria, partido, igreja ou grupo. Quero viver de acordo com princípios democráticos fundados na solidariedade, na liberdade, igualdade, participação e diversidade. Para isso não precisamos de articuladores da unanimidade em benefício do rei, mas de mobilizações de toda a sociedade onde haja lugar para a manifestação e o desenvolvimento de todos os que somos e pensamos diferentes. O Brasil só será um país unido quando for democrático, isto é, quando respeitar a diversidade e todos vivermos em condições básicas de igualdade, liberdade e respeitando todas as diversidades.
No Brasil de hoje se poderia dizer que existe muita diferença entre os de baixo e sobre unanimidade entre os de cima: se a classe dominante brasileira fosse um pouco mais dividida haveria na mesma proporção mais espaço para a democracia. Se a terra fosse mais dividida haveria mais espaço para milhões de brasileiros que hoje vivem na miséria nas grandes cidades. Se o capital financeiro fosse mais democratizado talvez produzisse mais e especulasse menos. Se a mídia não estivesse "unida" nas mãos de uns poucos certamente o Brasil seria melhor e mais democrático. Se o povo não estivesse tão unido nos trens da central talvez pudesse ir para o trabalho em condições mais dignas.
Por tudo o que já vimos até agora temos todas as razões para identificar a busca da unanimidade, camuflada de unidade, como o pretexto e a arma dos que querem perpetuar o autoritarismo em nome da nação, e todas as razões para lutar pelo direito a oposição, a diversidade e autonomia em relação ao poder do Estado como essenciais para a democracia. Oposição aliás que responde praticamente pela metade do país e que foi capaz de somar 31 milhões de votos. E é por isso que afirmo enquanto é tempo e antes que algum emissário da unidade em torno do poder bata à minha porta: vive la difference!
[1] Texto publicado em Escritos Indignados: democracia x neoliberalismo no Brasil, pela Rio Fundo Ed. : IBASE, em 1991.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
igreja e consumo
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Ida pro Pará...
Além de mim, saindo do Rio de Janeiro, tem o Erik Thiago, que é da ABU-UERJ. Ele parte nesta quinta de ônibus. Tem também o Marcus Vinícius e a Priscila (Coordenação Nacional de Campanha e Coordenação Nacional de Comunicação da rede). A Abigail (Coordenação Nacional de Oração e Liturgia) vem de Sampa pro Rio e parte daqui comigo na sexta-feira.
Peço que orem por nós e por toda a Rede, pela nossa participação no Fórum Social Mundial. Acho que muita coisa boa pode sair dali. Uma das mesas que estamos organizando conta com a presença da Marina Silva (ex-Ministra do Meio Ambiente).
Deixo apenas dois versículos pra você:
"Abre a tua boca a favor do mundo, pela causa de todos os abandonados;
Abre a tua boca; julga retamente; e faze justiça aos pobres e aos necessitados."
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
AMPLIFICANDO 2009 = Encontro Nacional do FALE + Fórum Social Mundial
A Rede Fale, com o apoio da ABUB, o Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), Evangélicos Pela Justiça, e Visão Mundial promoverá no Fórum Social Mundial mesas de diálogo, um seminário e um culto público. Também serão distribuídos cartões “Ore e Envie”.Os temas das mesas de debate são: “Justiça e Cristianismo: um debate sobre política e fé” –dia 29, “Políticas Públicas: um debate sobre a atuação de organizações religiosas na defesa de direitos” - dia 30 e “Saneamento Ambiental e Defesa de Direitos” - dia 31 (com apoio da Rocha). No dia 31 também ocorrerá o Culto Público por Justiça e Paz. Participam o pastor Ariovaldo Ramos e a ex-ministra Marina Silva.
O Fórum Social Mundial ocorre dos dias 27 a 1º de fevereiro na cidade de Belém (PA). De acordo com o texto de apresentação do evento, "o Fórum é um espaço aberto de encontro e diálogo para a construção de um mundo mais solidário, democrático e justo". As primeiras edições ocorreram em Porto Alegre (RS), a partir de 2001. Porém desde 2005 tem acontecido em diferentes países. Fazem parte do comitê organizador do Fórum a Associação Brasileira de ONGs e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, entre outros.
As programações do Fórum serão realizadas na Universidade Federal do Pará e na Universidade Rural da Amazônia. Mais informações em http://www.fsm2009amazonia.org.br.
Oremos por estes eventos! Que os participantes cristãos possam testemunhar e anunciar que “o fruto da justiça será a paz; o resultado da justiça será tranqüilidade e confiança para sempre”. (Isaías 32:17)
Dois dias antes do Fórum, coordenadores nacionais, articuladores regionais e representantes dos grupos base da Rede Fale se reunirão na cidade de Marabá (PA) para discutir e deliberar estratégias e atividades da campanha “Fale por Saneamento Ambiental” e da representação no Conselho Nacional de Juventude. Os participantes também visitarão a favela Grota Criminosa e terão encontros com lideranças políticas e eclesiásticas na cidade.
Vamos interceder para que a liderança da Rede Fale tenha sabedoria ao planejar suas atividades. Que o Senhor abençoe ricamente este ministério parceiro da ABUB. Oremos ainda para que mais pessoas vivam a orientação do livro de Provérbios: “Fale a favor daqueles que não podem se defender. Proteja os direitos de todos os desamparados”. (capítulo 3, versículo 8).