segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
“Prioridade” para quem? Qual Evangelho?
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Cancelado o ato da Rede Fale no Centro do Rio
NOTA INFORMATIVA
Informamos que devido aos últimos acontecimentos registrados na cidade do Rio de Janeiro, amplamente divulgados na imprensa, e ao clima de insegurança sob o qual a cidade se encontra, a Rede Fale decidiu cancelar o Ato em favor do saneamento ambiental em Marabá, que seria realizado amanhã (26) às 9h da manhã, em frente à sede Administrativa da Companhia Vale. Mantemos, contudo, o nosso compromisso contínuo de orar e agir em favor desta situação, entendendo ser esta, também, uma questão de justiça.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
O Fale é um movimento revolucionário!
O Fale é um movimento revolucionário: não tenho dúvidas!
Vejam relato dos irmãos do FALE-Paraná referente ao processo contra Washington Cruz por ter se levantado contra irregularidades cometidas por uma empresa de ônibus do Estado do Paraná.
O Processo: Movimento e Rede
E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. Rm 12:2
Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais? Tg 2:6
Ousamos não nos conformar; ousamos nos transformar pela renovação da nossa mente; fomos arrastados aos tribunais pelos ricos e pudemos conhecer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Queridos irmãos, companheiros e camaradas. A práxis é uma palavra que conheci há apenas dois anos, no fórum de missão integral em Londrina em 2008. Desde então não pude mais debater a verdade sem me incomodar com o praticar a verdade, em nenhum momento da minha vida cristão eu me senti a vontade discutindo, falando, escrevendo sobre as verdades do Reino sem praticar as verdades. Este ano decidi mergulhar nas profundas águas do Espírito praticando a verdade do Reino.
Não preciso fazer um relato dos acontecimentos aqui no Sul porque já foram mais do que relatados, publicados e debatidos; mas quero compartilhar sobre o Movimento do Reino; a Rede do Reino.
Depois que ousamos denunciar o descaso da empresa de ônibus local, questionarmos a falsa Marcha Para Jesus (tanto de Ctba, como de C. Largo), enfrentar a politicagem que queria tirar o posto de saúde de nosso bairro, reestruturar a associação de moradores do bairro... tive que enfrentar perseguições tanto políticas como político/religiosa. Não tivemos apoio da “igreja” local, nem pudemos contar com, pelo menos, suas orações, pois esta instituição corrompida não admite a defesa dos fracos já que esta amparada pelo estado, tendo seus membros no poder municipal, e prega o conforto como evidência de salvação... a Rede Fale Campo Largo não tem parcerias com “igrejas” em Campo Largo.
Pois bem. Fui processado pela empresa de ônibus. Divulgamos a situação para todo o Brasil (pelo menos para todos que conhecíamos no Brasil). O caso foi comentado nas listas de discussões tanto da Rede Fale como do EPJ, o pessoal se solidarizou, orou; o Gustavo Frederico, EPJ, esteve nos visitando, nos confortando e nos animando; tivemos um momento maravilhoso de comunhão. O Cáio e a Morgana, Rede Fale, me ligaram, me encorajaram...
Hoje foi o julgamento...
Desde nossa primeira ação, a distribuição do informativo CONSTRUÇÃO, pessoas começaram a me procurar e manifestar sua satisfação pela iniciativa; cada reunião que fazíamos com os moradores, cada evento que participávamos, mais pessoas vinham se colocar a disposição para ajudar: professores, militantes de movimentos sociais, militantes do PT (esquerda do PT), lideres de associações, como a dos deficientes físicos de Campo Largo, Pr. Hilquias Paim, presidente da Convenção Batista Paranaense... E nesse processo sempre contamos com o apoio integral do Monte Horebe e da igreja da Vinha de Itaperuçú (aliás a única igreja que nos apóia em todas as ações) estas representadas pelo Bebeto, Sueli, Abel, Admir, Avelardo, Toni... e todos dessa família maravilhosa que temos, não dá para citar todos eles... Sempre se colocando a disposição, vindo de Itaperuçú (60Km de C. Largo) para as reuniões e enfrentamentos... família maravilhosa.
Nesse processo, pessoas que nem mesmo professam qualquer credo religioso, nem mesmo em Deus acreditam! Vieram se unir a nós pela luta contra o deus deste mundo, Mamon. Recebemos o apoio valiosíssimo do Dr. Davi Pezato, igraja Batista do Prado, que é parceira do Monte Horebe no projeto da comunidade do Caçador, advogado que tem defendido a causa do “órfão e da viúva”, dando-nos todas as orientações com relação ao processo e se colocando a disposição para toda e qualquer acessória jurídica que precisarmos. E por fim tivemos o precioso apoio, engajamento e comprometimento do professor Avanir, da APP Sindicato, petista de esquerda e ativo na comunidade – e ele sempre esteve conosco nos enfrentamentos, desde o começo -, que articulou a minha defesa com o Dr. Albuquerque, advogado do PT, que trabalha no mandato do Dp. Dr. Rosinha, defende pobres, esfarrapados e desamparados, MST, movimentos sociais e toda sorte de povo que luta por justiça... e não professa nenhum credo religioso... tudo isso sem cobrar.
Hoje foi o julgamento... Poderia descrever toda a cena – um tanto quanto cômica, vendo um Gerente bundão com um advogado bundinha vindo dar-me um “corretivo moral” e tendo que ter auxílio do meu advogado, pois o bundinha estava um tanto quanto perdido... , o bundinha é só um dos advogados da equipe do advogado de acusação, que é da direita do PT, defende grades figurões políticos da região, inclusive um candidato a governo do estado, além de defender grandes empresas, como a do lixão e empresas de ônibus!– não vou descrever toda a cena. Só vou dizer o resultado do julgamento:
Houve conciliação com o encerramento do processo e a contrapartida de eu não poder “falar mal” da empresa de ônibus Transpiedade por três anos, sob pena de ter que pagar multa de dois mil reais. Ou seja conseguiram calar o Washington, mas não conseguiram calar o movimento.
Conclusão:
Nessa história toda, formou-se uma rede de pessoas, as mais improváveis, pelo menos na proposta “religiosa da coisa”, e isso transformou-se em um movimento maior do que a proposta “religiosa da coisa” que esta dando forma ao Reino de Deus na nossa região.
Damos graças a Deus por enviar os ceifeiros samaritanos; e oramos a Deus para transformar a mente e motivar ao comprometimento integral os que se propõem a falar contra a injustiça se denominando evangélicos.
E por fim, nos conscientizamos de que não devemos mais falar apenas a favor de quem não pode se defender, mas também falar com e a partir de quem não pode se defender.
Abraços a todos e que a Graça que não é de graça seja sobre todos.
Washington Cruz e Douglas Rezende
domingo, 31 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Declarando voto!
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
FALE EM FAVOR DE REFORMA AGRÁRIA
FALE EM FAVOR DE REFORMA AGRÁRIA - PLEBISCITO POPULAR PELO LIMITE DE PROPRIEDADE DE TERRA
Sara Tironi*
“Ai de vocês que adquerem casas e mais casas, propriedades e mais propriedades até não haver mais lugar para ninguém e vocês se tornarem os senhores absolutos da terra” Isaías 5,8
"E as propriedades cresciam cada vez mais e os proprietários iam simultaneamente diminuindo. E havia tão poucos fazendeiros pobres nas terras, que fazia até dó."John Steinbeck, trecho de “As vinhas da ira”
O Brasil é o quinto maior país do planeta e o maior da América do Sul, mas grande parte desse imenso território concentra-se nas mãos de pouca gente. Esse problema vem sendo discutido de longa data, e de uma forma ou de outra, sempre esteve na pauta dos governos, ainda que hoje seja notavelmente pouco debatido pelos candidatos à presidência.
Já dura cerca de cinco séculos a história da concentração da propriedade da terra no Brasil. Suas raízes encontram-se no início do século XVI, na época colonial, quando os portugueses estabeleceram aqui a monocultura para exportação.
Hoje, a grande propriedade rural, o latifúndio, ainda predomina no país: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 1% da população detém 50% das terras brasileiras. Conforme os últimos dados levantados pelo instituto em 2006, 2,8% das propriedades rurais são latifúndios, os quais ocupam mais da metade da extensão territorial agricultável do país (56,7%). Em contrapartida, as pequenas propriedades, mesmo representando 62,2% dos imóveis, ocupam apenas 7,9% da área total das terras cultiváveis.
Como consequência direta da concentração fundiária rural, podemos destacar o problema do subaproveitamento das terras. Dos 850 milhões de hectares, 120 milhões estão improdutivos, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Essa má utilização do espaço nacional não muda de figura quando tratamos, por outro lado, das terras produtivas, já que estas se prestam, predominantemente, às pastagens e à agricultura de exportação.
A agricultura de subsistência, por sua vez, destinada ao consumo interno, não apenas ocupa as piores e menores extensões de terra, como também recebe pouco ou nenhuma assistência do governo. É bastante grave nos depararmos com esse cenário no campo quando pensamos que uma boa parte da população brasileira passa fome ou se alimenta muito mal. Convém ainda lembrar que a apropriação da terra por uma minoria populacional acarreta também a concentração dos meios de produção (máquinas, equipamentos, etc.), do poder econômico, da renda e do poder político no meio rural.
Em 2000, o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) criou a “Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra: em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar”. Como forma de massificar a discussão da campanha, bem como possibilitar uma maior integração e engajamento das diferentes forças sociais do país, será realizado o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra, de 1 a 7 de setembro de 2010, na Semana da Pátria, junto com o Grito dos Excluídos.
Cremos que a participação dos cristãos no plebiscito não é apenas uma questão de cidadania, mas de fé. Acreditamos que a terra é Dom de Deus (Lv 25,23) e que a acumulação dela ofende a Sua vontade. Na Palavra Dele, as leis como do ano sabático edo ano do jubileu (Lv 25) nos dão material necessário para compreendermos que todos tem direito a terra e que a acumulação dela é abominável aos olhos de Deus. Podemos citar ainda os profetas do Antigo Testamento: Elias que diz ao rei Acabe que "...mataste e ainda por cima roubas" (1 Rs 21,19) depois que este se apossou da vinha de Nabote; Isaías afirma categoricamente que "Ai dos que juntam casa a casa e campo a campo"(Is 5,8); e ainda temos em Miquéias, "Ai dos que planejam iniquidade... Se cobiçam campos, eles os roubam, se casas, eles as tomam" (Mq 2,1-2).
.A Rede FALE formalizou essa semana seu apoio e participação no plebiscito. Com urnas em igrejas ou eventos, mobilizaremos nossa base para conscientizar o povo e pressionar as autoridades. Alguns de nossos grupos irão participar do “grito dos excluídos”.
Depois do envolvimento com o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, o FALE pretende continuar discutindo as questões agrárias e produzir material de discussão e mobilização para a igreja evangélica brasileira.
*Sara Tironi é estudante de direito e mora em Ribeirão Preto. Faz parte da Aliança Bíblica Universitária e da Rede FALE São Paulo
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Para maiores informações:
- http://www.limitedaterra.org.br/index.php
- A questão da terra no Brasil (Nelson Piletti e Ivone Masolino), disponível em:http://www.scribd.com/doc/6715394/A-Questao-Da-Terra-No-Brasil
- Cartilha do Plebiscito Popular pelo Limite da Terra
Se desejar participar da mobilização da Rede FALE, envie um e-mail paramobilizacao@fale.org.br
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Juventude em rede: Renas-jovem caminhando
Juventude em rede | ||
Em agosto do ano passado, ao final do IV Encontro Nacional Renas, 102 jovens de diferentes regiões do Brasil reuniram-se no Rio de Janeiro para o I Encontro Nacional da Renas Jovem. O desafio: fomentar a construção de um setor de juventude na rede, comprometido com a luta pela transformação da sociedade. A nova rede surgiu com dois objetivos principais: articular a juventude evangélica brasileira já envolvida com organizações sociais e engajada na luta pela justiça e provocar sua participação em conselhos de direitos e políticas públicas de juventude. No encontro carioca, os jovens retornaram às suas cidades com a proposta de iniciarem um movimento semelhante em seus estados. Essa missão foi levada a sério pela juventude pernambucana que aproveitou a realização do V Encontro Nacional Renas, em Recife, para dar o pontapé na articulação da rede no estado. O II Encontro Nacional da Renas Jovem, em Recife, foi protagonizado pela juventude pernambucana, com a colaboração de dois representantes da rede carioca. Os presentes foram divididos em dois grupos: pernambucanos, maioria dos presentes no encontro, que definiram metas para a consolidação da rede em Pernambuco; enquanto os demais discutiram sobre como fomentar uma rede jovem em seu estado, independente de suas organizações ou igrejas estarem engajadas na Renas. A principal proposta da reunião foi colocar em contato representantes de importantes organizações evangélicas como Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB), a Rede Fale, Jocum, Mãos Que Ajudam, Avalanche, entre outras, para dar continuidade ao movimento de construção das Renas Jovens locais e, futuramente, da Renas Jovem Nacional. Segundo o grupo gestor de Renas, cada região ou estado deve definir diretrizes de ação para o setor jovem, de acordo com sua realidade. A partir de uma atuação local, espera-se o fortalecimento e boa articulação do setor de juventude nacional comprometido com a luta pela justiça. Para informações sobre filiação e para acompanhar os próximos passos da Renas Jovem carioca e pernambucana, acesse www.renasjovem.blogspot.com ou escreva pararenasjovem@gmail.com. Cyntia Rosa, Comunicóloga e Analista de Responsabilidade Social, é membro da Igreja Batista Betânia e integrante da Renas Jovem RJ. |
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Justiça e ato de julgar ou "Sábado, cura e justiça"
Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB)
Na filosofia grega aristotélica, conhecer significa ter informações e conceitos acerca da realidade das coisas, mas não implica diretamente em nenhum envolvimento prático. Na linguagem hebraica e na Bíblia, conhecer a Deus é fazer sua vontade. Nela, não há dicotomia entre teoria e prática. (Adaptado de O Estudo Bíblico Indutivo, de Antonia Van Der Meer). Nossa finalidade ao ler um texto como o Evangelho de João não é simplesmente obter mais conhecimento acerca de uma narrativa que ficou no passado, mas encontrar princípios que possam ainda hoje ser válidos em nossas vidas. O texto de João apresenta a figura de Jesus Cristo de forma diferente da que é apresentada nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Aqui, esta incrível personagem está muito mais revestida de caracteres divinos, mas nem por isso deixa de ser Deus encarnado na História.
Dicas
Circuncisão: aqui pode ser entendida como a “cura” de um membro particular.
Leitura de João 7: 1-24
1. Quem são os primeiros a interagir com Jesus, o que eles lhe dizem e qual o significado disso?
2. O que Jesus lhes responde? Por que ele repete que seu tempo ainda não chegou?
3. Quais são as diversas especulações sobre Jesus feitas pelos judeus na festa? Qual delas é mais marcante, em sua opinião?
4. Repare que Jesus, ao se pronunciar nos versículos 16 e 18 utiliza a conjunção “mas” para contrapor a verdade de que ele era enviado por Deus às correntes especulações sobre sua figura. O que esta relação de contraposição significa?
5. O que Jesus está denunciando nos versículos finais? Que imagem ele apresenta para defender seus argumentos? Qual é a tensão implícita aqui entre a Lei e a justiça? Qual é a missão de Cristo em relação ao cumprimento da Lei?
6. O que seria não julgar pela aparência, mas sim conforme a justiça?
7. Qual outro momento do texto faz referência a julgamento? Jesus também faz um julgamento sobre o valor das ações, qual?
8. Como nós temos julgado e avaliado o que está a nossa volta? Julgamos as pessoas? Conferimos a elas valores diferentes?
9. Por mais que não nos pronunciemos a respeito de certas coisas, já fazemos um julgamento de valor quando aderimos ou não a elas. Com que critérios temos julgado as idéias, as propostas, as alternativas que nos são apresentadas?
10. Como podemos pautar nossa vida numa ética do julgamento segundo a justiça?
Liberdade para Amar
(Sérgio Pimenta)
Tantos preconceitos, tantos medos
Frutos de momentos de dor
Que o pé atrás usa seu veto
Quando é necessário se expor
Superficial, risos polidos
Relacionamentos de “alô”
Que ninguém estranha se falidos
Que ninguém mais sabe o que é amor
Vamos fazer o amor, vamos dar uma flor
Tentativas de buscar sentido
Vamos unir as mãos, ao fingir-nos de irmãos
Coreografia de aflitos
Liberdade no que é perfeito
Externar aquilo que se é
Em Jesus o amor brota no peito
De quem o segue crendo pela fé
E que se faz visível qualquer jeito
Em prosa, em gesto, em dó, mi, fá, sol, lá, si, ré
11. Inspirando-nos na letra de Sérgio Pimenta, como podemos fazer para abandonar nossos preconceitos e termos uma prática mais parecida com a de Jesus, refletindo amor e liberdade?
terça-feira, 29 de junho de 2010
Orem por Diamanso
segunda-feira, 28 de junho de 2010
domingo, 13 de junho de 2010
S8 CULTURAL
Vejam um pouco do que rolou:
terça-feira, 8 de junho de 2010
FALE NA RUA!
Veja a seguir uma pequena amostra do que foi o FALE NA RUA!:
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Tortura, por que não?
http://www.estadao.com.br/
Tortura, por que não?
01 de maio de 2010 | 0h 00
Maria Rita Kehl - O Estado de S.Paulo
O motoboy Eduardo Pinheiro dos Santos nasceu um ano depois da promulgação da lei da Anistia no Brasil, de 1979. Aos 30 anos, talvez sem conhecer o fato de que aqui, a redemocratização custou à sociedade o preço do perdão aos agentes do Estado que torturaram, assassinaram e fizeram desaparecer os corpos de opositores da ditadura, Pinheiro foi espancado seguidas vezes, até a morte, por um grupo de 12 policiais militares com os quais teve o azar de se desentender a respeito do singelo furto de uma bicicleta. Treze dias depois do crime, a mãe do rapaz recebeu um pedido de desculpas assinado pelo comandante-geral da PM. Disse então aos jornais que perdoa os assassinos de seu filho. Perdoa antes do julgamento. Perdoa porque tem bom coração. O assassinato de Pinheiro é mais uma prova trágica de que os crimes silenciados ao longo da história de um país tendem a se repetir. Em infeliz conluio com a passividade, perdão, bondade, geral.
Encararemos os fatos: a sociedade brasileira não está nem aí para a tortura cometida no País, tanto faz se no passado ou no presente. Pouca gente se manifestou a favor da iniciativa das famílias Teles e Merlino, que tentam condenar o coronel Ustra, reconhecido torturador de seus familiares e de outros opositores do regime militar. Em 2008, quando o ministro da Justiça Tarso Genro e o secretário de Direitos Humanos Paulo Vannuchi propuseram que se reabrisse no Brasil o debate a respeito da (não) punição aos agentes da repressão que torturaram prisioneiros durante a ditadura, as cartas de leitores nos principais jornais do País foram, na maioria, assustadoras: os que queriam apurar os crimes foram acusados de ressentidos, vingativos, passadistas. A culpa pela ferocidade da repressão recaiu sobre as vítimas. A retórica autoritária ressurgiu com a força do retorno do recalcado: quem não deve não teme; quem tomou, mereceu, etc. A depender de alguns compatriotas, estaria instaurada a punição preventiva no País. Julgamento sumário e pena de morte para quem, no futuro, faria do Brasil um país comunista. Faltou completar a apologia dos crimes de Estado dizendo que os torturadores eram bravos agentes da Lei em defesa da - democracia. Replico os argumentos de civis, leitores de jornais. A reação militar, é claro, foi ainda pior. "Que medo vocês (eles) têm de nós."
No dia em que escrevo, o ministro Eros Graus votou contra a proposta da OAB, de revisão da Lei da Anistia no que toca à impunidade dos torturadores. Para o relator do STF, a lei não deve ser revista. Os torturadores não serão julgados. O argumento de que a nossa anistia foi "bilateral" omite a grotesca desproporção entre as forças que lutavam contra a ditadura (inclusive os que escolheram a via da luta armada) e o aparato repressivo dos governos militares. Os prisioneiros torturados não foram mortos em combate. O ministro, assim como a Advocacia Geral da União e os principais candidatos à Presidência da República sabem que a tortura é crime contra a humanidade, não anistiável pela nossa lei de 1979. Mas somos um povo tão bom. Não levamos as coisas a ferro e fogo como nossos vizinhos argentinos, chilenos, uruguaios. Fomos o único país, entre as ferozes ditaduras latino-americanas dos anos 60 e 70, que não julgou seus generais nem seus torturadores. Aqui morrem todos de pijamas em apartamentos de frente para o mar, com a consciência do dever cumprido. A pesquisadora norte-americana Kathrin Sikking revelou que no Brasil, à diferença de outros países da América latina, a polícia mata mais hoje, em plena democracia, do que no período militar. Mata porque pode matar. Mata porque nós continuamos a dizer tudo bem.
Pouca gente se dá conta de que a tortura consentida, por baixo do pano, durante a ditadura militar é a mesma a que assistimos hoje, passivos e horrorizados. Doença grave, doença crônica contra a qual a democracia só conseguiu imunizar os filhos da classe média e alta, nunca os filhos dos pobres. Um traço muito persistente de nossa cultura, dizem os conformados. Preço a pagar pelas vantagens da cordialidade brasileira. "Sabe, no fundo eu sou um sentimental (...). Mesmo quando minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar/ Meu coração fecha os olhos e sinceramente, chora." (Chico Buarque e Ruy Guerra).
Pouca gente parece perceber que a violência policial prosseguiu e cresceu no País porque nós consentimos - desde que só vitime os sem-cidadania, digo: os pobres. O Brasil é passadista, sim. Não por culpa dos poucos que ainda lutam para terminar de vez com as mazelas herdadas de 21 anos de ditadura militar. É passadista porque teme romper com seu passado. A complacência e o descaso com a política nos impedem de seguir frente. Em frente. Livres das irregularidades, dos abusos e da conivência silenciosa com a parcela ilegal e criminosa que ainda toleramos, dentro do nosso Estado frouxamente democratizado.