terça-feira, 29 de abril de 2008

Abrigo ALMA por ele mesmo

Em comentário a uma notíca aqui a Sra. Ilma comentou o seguinte:
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"Sou diretora do Abrigo ALMA, Sr.ª Ilma Santos de Souza, e informo aos leitores desta notícia que a ONG CIEDS não vem cumprindo desde o início do projeto até a presente data com a Proposta de melhorias em nossa instituição, informamos que os repasses não são feitos regularmente, o que veio a prejudicar nosso trabalho. Cabe ressaltar que, o Convênio que deveria ser até Set/08 está previsto para ser rescindido no início de Abril/08, por inúmeros motivos desagradáveis."
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"Srs. Leitores,Eu, Ilma Santos de Souza, diretora do Abrigo ALMA, venho informar a todos que o Convênio foi Rescindido no dia 31/03/08, os 23 funcionários que haviam sido contratados foram demitidos por conta do término da Parceria, esta situação causou muitos transtornos, existem 23 pessoas desempregadas, inclusive no dia do pagamento das Rescisões de Contrato de trabalho com os funcionários, a ONG, CIEDS, que administrava todo a verba do projeto, emitiu cheques sem fundo aos funcionários, no último dia de prazo para pagamento, causando mais transtornos no término do Convênio, os funcionários devolveram os cheques ao CIEDS, e revindicaram a multa do art. 477 da CLT, no dia seguinte dia 11/04, receberam os pagamentos com a multa incluída.Esse Convênio que seria para mim um sonho realizado tornou-se um verdadeiro pesadelo. O Abrigo retornou a sobreviver exclusivamente de doações e contando a ajuda de voluntários nas atividades diárias por não mais nenhum funcionário para executar os serviços. Voltamos a estaca zero, contudo o Abrigo ALMA foi o maior prejudicado, digo, as crianças.Mas, essa história não vai terminar assim...
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Ilma Santos"

Juventude, precisamos orar e agir pelo Abrigo ALMA!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Hidroteologia, contemporânea como a vida (Carlos Queiróz)

A transposição das águas do Rio São Francisco é um dos temas mais polêmicos da agenda brasileira.

A transposição das águas do Rio São Francisco é um dos temas mais polêmicos da agenda brasileira. O projeto, em resumo, destina-se a desviar enormes trechos do Velho Chico para áreas de seca – contribuindo, teoricamente, para a solução do centenário drama nordestino da escassez de água –, e é bandeira prioritária do governo Lula. Os principais argumentos a favor da obra giram em torno da possibilidade de irrigar 300 mil hectares de terras e transformar o sertão em um pólo agrícola, sobretudo de fruticultura, gerando empregos e renda para a região. Doze milhões de pessoas seriam beneficiadas em 268 cidades, de centros urbanos como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE) a pequenas vilas encravadas no agreste.Recentemente, o bispo católico Luiz Cappio, com sua greve de fome contra o projeto, chamou a atenção da opinião pública brasileira e internacional para o que considera um equívoco. No entender do religioso, a transposição vai causar mais problemas que soluções. Minha história de vida, juntamente com o trabalho na Visão Mundial, me propiciam uma vocação pastoral marcada pela poeira e pelo sol escaldante do meu querido sertão. Sinto o pó de argila impregnado aos dedos, amolgados pelo atrito das pedras nas sandálias de camponeses pobres. Nas épocas de estiagem, observo o vento morno acariciando as resistentes folhas de carnaúba. A cor cinza da caatinga, formada por gravetos secos, está sempre tatuada na minha memória.
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Ao contrário do que se diz, a natureza presenteou o nosso Semi-árido de paisagens verdes alimentadas por recursos hídricos. Deus concedeu ao Nordeste brasileiro precipitações pluviométricas privilegiadas, um dos solos mais férteis do planeta e uma excelente incidência solar. A combinação destes fatores torna algumas áreas da região um centro atrativo para grandes produtores. No Nordeste, é possível se extrair grandes safras e manter rebanhos bem alimentados. Todavia, ali mesmo, encontro multidões de sofredores. Caso de dona Francisca, que vive a seis quilômetros das margens do São Francisco – mas não pode oferecer um litro de água à cabra, “mãe leiteira” dos seus 11 filhos. Num misto de humor e indignação com a privação ou privatização da água, ela disse que não chorava porque não tinha mais água nos olhos.
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O nosso problema não é apenas de seca, nem será resolvido desviando-se bilhões de metros cúbicos de água. Temos um drama de acumulação de bens e concentração de terras e mananciais nas mãos de poucas pessoas, protegidas por cercas de arame farpado intransponíveis. Acontece que, com menos investimento do que o planejado para a transposição do Velho Chico, pode-se fazer uma reforma agrária mais conseqüente, implementando a agricultura familiar sustentável. Bastaria melhorar pequenos açudes já existentes, montar barragens subterrâneas, continuar construindo cisternas para uso familiar nas pequenas propriedades de Franciscos e Franciscas. Antes de se pensar em mudar o curso de um rio, precisamos de uma mudança de paradigma: priorizar o que fazer em cooperação com o pequeno agricultor, para melhorar sua capacidade de produção. Seus projetos não agridem o meio ambiente e, se tecnicamente bem orientados, são potencialmente mais sustentáveis. Precisamos de uma reforma agrária e agrícola – e, na teologia, devemos entender que o tema em questão é sobre a nossa responsabilidade com tanta água que Deus manda para os nordestinos. Entre a nossa hidroteologia que estuda somente sobre a quantidade de água a ser usada para o batismo – se por imersão ou aspersão –, precisamos optar por uma teologia que equacione o problema da justiça quanto ao uso de água no planeta. Sem amor ao próximo, sem promoção de justiça e, conseqüentemente, sem paz na sociedade, nossa teologia será árida, infértil e não sinalizará a utopia possível do Reino de Deus.
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Que os rios de justiça sejam transportados do coração de mulheres e homens de bem. Parafraseando a linguagem hidroteológica do profeta Amós, pedimos a Deus que “a retidão corra como um rio, a justiça como um ribeiro perene”.
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Carlos Queiróz

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O que aconteceu na Conferência Livre de Juventude do dia 1º de Março na Itacuruçá?

Número estimado de pessoas participantes: 46
Número estimado de organizações participantes: 4 – Rede FALE; Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB); Igreja Batista Itacuruçá; Ação Jovem.


Breve resumo do debate de contextualização

Palestra-debate com Alexandre Brasil Fonseca, sociólogo e membro do CONJUV. O palestrante trouxe dados e indicadores sobre a situação dos jovens no Brasil – seus sonhos, medos e desafios. Expôs a questão da violência e da morte no Brasil, referindo-se ao texto bíblico de denúncia à violência e a desigualdade escrito pelo profeta Habacuque. Foi enfatizada a importância da participação da juventude na construção de políticas públicas. O atual contexto político relativo à juventude foi apresentado e analisado. Questionou-se o quanto os jovens têm participado dos processos políticos em relação a outras épocas da história do país, verificou-se que este é um dado bastante relativo à localização de quem observa os jovens. Há de fato um bom número de jovens se posicionando politicamente em diversas áreas. No entanto, há ainda uma disparidade entre o número de jovens mobilizados por organizações religiosas (aproximadamente 60% das organizações de juventude são de cunho religioso) e sua representatividade no processo de construção das PPJs. Por mais que haja divergência entre visões e práticas sócio-políticas, é preciso se lançar sobre o caminho da participação. Através da participação efetiva, a juventude tem chance de fortalecer a democracia, defendendo seus próprios direitos.

Listagem das bandeiras mapeadas (da mais para a menos recorrente)

- Maior incentivo e apoio a participação de jovens ligados a movimentos religiosos na construção das PPJs.
- Combate a discriminação racial.
- Combate as injustiças sociais e desigualdade de renda.

Os temas que foram discutidos nos GTs da Conferência:

Educação; Meio Ambiente; Cidades e Territórios; Mídia; Liberdades Democráticas; e Participação Política.

Breve avaliação da Conferência:

A Conferência Livre de Juventude promovida pela Rede FALE, pela ABUB e pela Igreja Batista Itacuruçá foi um evento pioneiro e visionário na mobilização da juventude evangélica carioca. Contando com a participação de mais de 40 pessoas inscritas, a conferência contou com variadas atividades que aproximavam a prática religiosa protestante à discussão das Políticas Públicas de Juventude – dentre essas, destacamos os momentos de oração, os grupos de trabalho (GTs) e a Plenária Final. Quanto a esta última atividade, importa dizer que a prática da decisão coletiva, comum às igrejas de tradição batista, foi um exercício de cidadania e respeito, apontando de forma decisiva algumas importantes propostas para a participação da juventude evangélica brasileira na Conferência Nacional de Juventude.


(Estas informações foram enviadas em outro formato para o CONJUV. Se você quer ter acesso ao documento original mande-nos um email. As principais informações da Conferência Livre seguem abaixo na postagem que traz DESAFIOS E SOLUÇÕES.)

Relatório da Conferência Livre que ocorreu em ITA dia 1º de Março (Desafios e Soluções)

DESAFIOS E SOLUÇÕES
O número 1 é o Desafio 1, a ele corresp0ndem três soluções (1.1, 1.2 e 1.3). O número 2 é o Desafio 2, a ele correspondem três soluções (2.1, 2.2 e 2.3). E assim vai o relatório dos desafios e soluções até o Desafio 8.

1
Mesmo nas cidades, mas especialmente em regiões rurais há uma parcela muito grande da população não servida de água potável e rede de esgotos. Necessidade de controle popular da execução de projetos de atendimento sanitário.

1.1 Criação de parceria do setor público com o setor privado (PPP) para atender às necessidades de saneamento de todo tipo de população não atendida
1.2 Criação de agência reguladora para fiscalização do atendimento aos princípios de regularidade, continuidade, generalidade, solidariedade
1.3 Trabalho de conscientização das populações não atendidas quanto a: seu direito de ter saneamento básico; composição e destino dos impostos pagos

2
Ensinar a condição humana: somos todos um, parte da mesma criação – continuidade entre natureza e humanidade.

Diminuir o êxodo rural de jovens.

Reduzir o consumo de energia pelas cidades (75% do país).
Reavaliar os custos sociais do sistema agroexportador.

2.1 Incentivo à proliferação e solidificação de organizações da sociedade civil com atuação na área ambiental, especialmente na fiscalização de ações e de cumprimento de leis e normas ambientais.
2.2 Atuação responsável da mídia.


2.3 Conscientização desde a escola, fomentando a ação individual, familiar, coletiva pela preservação do meio ambiente, mesmo no meio urbano. Fomento à agricultura urbana.

3
Combate à cultura de violência.

Inte(g)ração comunidade-escola.

Combate à pedagogia da exclusão.

Equipes de apoio ao trabalho pedagógico.

3.1 Vigilância e atitudes que promovam sempre a gentileza, a solidariedade e um ambiente de colaboração mútua dentro da comunidade escolar. Para que essas práticas comecem na escola e cheguem até as outras esferas da sociedade. E a não submissão a situações de violência, seja esta objetiva e/ ou subjetiva.
3.2 Permitir que não só a comunidade vá até a escola, mas que também o movimento inverso aconteça a fim de integrar e enriquecer o fazer didático. Equipes interdisciplinares formadas por profissionais das áreas de ciências humanas e de saúde à disposição da escola e da comunidade.
3.3 Constante luta para que toda prática de ensino e aprendizagem que exclua e/ou oprima aqueles que estudam seja extinta.

4
Maior participação dos estudantes nas escolas e universidades.

Melhoria dos sistemas de avaliação das escolas e universidades.

Que todas as discussões e propostas dentro das instituições de ensino ou que digam respeito a elas tenham sempre a participação dos que estudam nelas.

4.1 Fim do vestibular. Fixação de políticas públicas que garantam mais do que o ingresso, mas também a permanência dos estudantes nas instituições de ensino até a conclusão de seus estudos. Sejam eles portadores de necessidades especiais, pobres ou mesmo vindos de diferentes culturas.

4.2 Reavaliação dos sistemas de classificação, em relação a metodologia, erro, etc. Que os projetos políticos pedagógicos levem sempre em consideração as histórias e saberes dos indivíduos-cidadãos que compõe cada grupo e sejam sempre entrelaçados com suas histórias e que tenham como ponto de partida suas visões do mundo.


5
Mais investimentos em educação.

Formação docente para todo aquele que ensina.

Formação continuada para o corpo docente das escolas com conteúdos interdisciplinares ou transdisciplinares.

5.1 Um maior compromisso com a fiscalização das verbas publicas a fim de garantir que o que é destinado para educação pública, chegue a seu destino final. Não obstante o investimento de mais recursos.
5.2 Mecanismos que permitam a todo aquele que se propõe a ensinar ter uma formação docente.

5.3 Que sejam garantidas aos docentes condições ideais para que possam prosseguir seus estudos, aperfeiçoarem-se e mesmo ampliar suas áreas de conhecimentos como forma de enriquecer suas práticas de ensino.

6
Alienação política e carência de discussões que incentivem a participação política da juventude evangélica;

Falta de divulgação das atividades e Políticas Públicas de Juventude por parte do governo;

Falta de espaço para a participação da juventude evangélica nos fóruns e conselhos de juventude.

Dificuldade de unidade e respeito à diversidade entre os diferentes grupos sociais, inclusive entre as denominações evangélicas, limita as possibilidades de dialogar e levantar bandeiras comuns à juventude evangélica brasileira.

6.1 Maior investimento do governo em divulgação das suas ações voltadas para a juventude. Promoção de campanhas pela Secretaria Nacional de Juventude que visem o diálogo entre os diferentes grupos religiosos no Brasil.

6.2 Consolidar os Conselhos de participação da sociedade civil e suas instâncias nos níveis estadual e municipal.

6.3 Aumentar a inserção oficial de representação de grupos da juventude religiosa nos conselhos de juventude.


7
Democratização da Mídia brasileira


7.1 Inclusão da disciplina Ética, Cidadania e Democracia no ensino fundamental e médio, tendo como objetivo básico ensinar aos educandos sobre seus Direitos e deveres e a pensar criticamente sua posição como cidadãos dentro da sociedade, incluindo questões relacionadas à mídia.
7.2 Propor Projeto de Lei que determine uma quantidade mínima de minutos informativos nos quais a mídia exporia artigos da Constituição Federal (CF) relativos à própria mídia e aos direitos e deveres constitucionais, com orientação a estes.
7.3 Criação de um órgão regulador do uso da mídia, a partir de discussões de âmbito e acesso públicos para a ampla participação da sociedade, objetivando a regulação das concessões de rádio e televisão, conforme o art. 21 da CF.

8
Visibilidade da Juventude na Mídia


8.1 Financiamento e incentivo para produções impressas e audiovisuais que expressem questões da juventude, atendendo a grupos e indivíduos deste segmento.
8.2 Criação de espaços de discussão sobre o problema do acesso e do aprendizado do uso de novas tecnologias.